Em meio às inumeráveis consequências nefastas deixadas pela pandemia, também é possível encontrar legados positivos. Uma das transformações salutares é, sem dúvida, o maior reconhecimento e a valorização da ciência. A crise sanitária modificou a percepção da sociedade em relação à pesquisa e aos pesquisadores.
Agora se sabe que a rede de saúde gaúcha e seus profissionais estão envolvidos em uma série de trabalhos que podem dar novas esperanças para a humanidade
Algo que parecia distante e hermético é agora alvo de interesse de uma grande parte da população, que acompanha de maneira atenta todos os avanços em estudos que buscam meios para conter a covid-19 e tratar doentes. Essa circunstância criou ainda um novo desafio para quem trabalha com o tema, o de explicar a ciência de forma didática para as pessoas que, antes, pouco buscavam saber sobre as fronteiras do conhecimento.
Reportagem de Marcel Hartmann publicada na edição de ontem de Zero Hora mostra que pesquisas relevantes sobre esses avanços estão muito mais próximas dos gaúchos do que poderia supor a maior parte da população. Hoje, de 89 pesquisas clínicas (feitas já em pessoas) conduzidas no país para encontrar possíveis medicações que possam ser utilizadas contra o novo coronavírus, 33 são realizadas no Rio Grande do Sul. Os dados são da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do site Clinical Trials, que abriga registros de estudos feitos em todo o mundo.
Se antes se imaginava que o desenvolvimento dos mais avançados fármacos passava longe do Estado, agora se sabe que a rede de saúde gaúcha e seus profissionais estão envolvidos em uma série de trabalhos que podem dar novas esperanças para a humanidade. Os tratamentos que em regra chegavam de fora prontos, após a conclusão de todos os estudos, agora podem ter o seu desenvolvimento acompanhado de perto, quase em tempo real.
Isso tudo só é possível pelo reconhecimento da excelência dos hospitais da Capital e do Interior e da alta qualificação dos trabalhadores da área da saúde. Com os diversos estudos em andamento, o Rio Grande do Sul reafirma a sua característica como polo na área de cuidados médicos e pesquisa. E agora, com relevância redobrada em virtude da gravidade do momento atravessado pelo mundo. Assim, o Estado se consolida como hub do segmento de saúde, também de reconhecimento internacional. A união de esforços do poder público e da iniciativa privada, a tradição e o pioneirismo em transplantes, instituições como o Instituto do Cérebro, a qualidade da rede hospitalar, das universidades e cursos da área, dos médicos e de outras profissões complementares se somam para garantir não só o bem-estar da população, mas para produzir benefícios econômicos e sociais, ao mesmo tempo que tornam o Rio Grande do Sul protagonista na batalha global para conter a pandemia.