É alarmante a informação de que cerca de 40% dos idosos com mais de 80 anos no Rio Grande do Sul ainda não tenham tomado a segunda dose da vacina contra a covid-19. Trata-se de uma população mais suscetível a complicações causadas pela doença e sabe-se que, sem a aplicação complementar, não se alcança a máxima imunização possível. Diante deste quadro preocupante, é impositivo reforçar as iniciativas informativas para alertar quanto à necessidade de se complementar o esquema vacinal. Não só diretamente aos octogenários e mais velhos, mas aos familiares e cuidadores, para que inclusive se mobilizem e se organizem para levá-los aos pontos de vacinação, uma vez que muitos podem ter limitações ou dificuldades para se locomover sozinhos.
É impositivo reforçar as iniciativas informativas para alertar quanto à necessidade de se complementar o esquema vacinal
De acordo com o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado (Cosems/RS), há a expectativa de que boa parte desse contingente procure os locais indicados nos próximos dias por ser o prazo para tomar a segunda dose da vacina Oxford/AstraZeneca, pelo fim do período de três meses recomendado, após a distribuição do imunizante no Estado no final de fevereiro. Mas, pelo sim, pelo não, deve-se planejar desde agora uma ação inclusive de busca ativa pelos idosos por parte das prefeituras, para que não fiquem mais expostos ao vírus. Seria recomendável ainda que essa procura incluísse os idosos que nem sequer receberam a primeira aplicação. Devem, da mesma forma, ser conscientizados para a necessidade de tomarem a vacina da gripe, cumprido o prazo indicado de 14 dias após a imunização contra a covid-19.
As preocupações quanto à possibilidade de um novo avanço rápido e avassalador da pandemia no Estado voltaram a crescer nos últimos dias, com piora dos indicadores de casos e internações em várias regiões. Em entrevista ontem à Rádio Gaúcha, a diretora-presidente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Nadine Clausell, alertou que nota um aumento na ocupação dos leitos nos últimos dias e prevê, inclusive, que a busca por UTIs ultrapasse o período mais crítico de março e abril. Vislumbra-se, portanto, o risco de um novo colapso no sistema de saúde. Ao mesmo tempo, a chegada do período mais frio do ano, com ambientes pouco ventilados, contribui para a circulação de vírus que causam doenças respiratórias, o que eleva a possibilidade de pressão sobre os hospitais. Preocupa, ainda, a chegada da variante indiana da covid-19 ao país.
São várias as circunstâncias que se somam para acender uma luz de alerta. Não há saída para combater a pandemia a não ser a aceleração da vacinação, o uso de máscaras e o distanciamento social. Assim, é preciso contar com a responsabilidade das autoridades, para agirem a tempo, e com a consciência da população, para redobrar os cuidados pessoais.