O grande desafio do Rio Grande do Sul e do país neste momento ainda é o combate à crise sanitária, mas em outros cantos do mundo, onde se está um passo adiante na batalha contra o vírus, aparecem sinais a indicar um robusto novo ciclo de expansão econômica. Mais cedo ou mais tarde, de acordo com o avanço da vacinação, os gaúchos também conseguirão virar esta triste página, mas desde já é preciso se preparar para tirar proveito desse movimento global e também patrocinar o desenvolvimento interno. É exatamente o que propõe a Assembleia Legislativa ao promover o seminário "O RS pós-pandemia – reflexões e caminhos para o futuro do Estado", que teve o primeiro encontro na segunda-feira e terá novas edições ao longo do ano.
Deve ser saudada a disposição do parlamento gaúcho para promover discussões e, a partir das conclusões, encaminhar soluções práticas
Trata-se de uma oportunidade para a aproximação da sociedade com o parlamento, com debates e troca de ideias que possam indicar uma via ou um conjunto de propostas que possibilitem ao Rio Grande do Sul se inserir da melhor forma possível na tendência global de crescimento que parece já ter se iniciado e pode ganhar força em um período não tão distante, gerando progresso, emprego, renda e bem-estar à população. Mas, mais importante do que discutir, como ressalta o presidente da Assembleia, Gabriel Souza, a ideia é fazer com que as conclusões tenham desdobramentos práticos, seja no encaminhamento de projetos de lei que apontem para os objetivos buscados ou outras proposições aos demais poderes.
O encontro na segunda-feira partiu de uma apresentação do economista do Transforma RS Igor Morais, que mostrou dados indicando que países como China e Estados Unidos sinalizam um revigoramento de suas economias. Um dos sintomas deste momento aparece na expectativa de um novo superciclo de valorização de commodities, um fenômeno que tende a beneficiar o Rio Grande do Sul, por exemplo, pelo destaque nacional na produção de soja. Sabe-se que o Estado tem uma economia mais internacionalizada em comparação com a média nacional, com um peso proporcionalmente superior das exportações em relação ao PIB. Há, portanto, boas condições para aproveitar as oportunidades que surgem com este novo surto de crescimento.
Isso não significa, é preciso ressaltar, que inexistam obstáculos a serem suplantados. Em outros ramos além do agronegócio, ainda é preciso melhores condições de competitividade. Uma simplificação tributária em nível estadual e nacional seria bem-vinda. Assim como a reforma administrativa federal, que ajudaria a melhorar a eficiência do setor público, e mais claros compromissos com a responsabilidade fiscal, para uma recuperação de alguns dos principais indicadores macroeconômicos do país.
Deve ser saudada a disposição do parlamento gaúcho para exercer o papel de promotor de discussões, reunir representantes de diversas áreas e setores econômicos, perscrutar tendências, buscar convergências e, a partir das conclusões, encaminhar soluções práticas e iniciativas que facilitem perseguir os propósitos identificados. Pensar no futuro significa estar preparado desde já.