A desconfiança de que a propalada conversão do presidente Jair Bolsonaro ao liberalismo era apenas uma conveniência eleitoral para se contrapor ao petismo está se tornando crescentemente uma certeza cristalina. Não se trata exatamente de uma surpresa: em 28 anos de mandato como deputado, Bolsonaro nunca mostrou simpatia por privatizações e se notabilizou por posturas corporativistas. Os episódios de terça-feira, com a saída de Salim Mattar e Paulo Uebel das secretarias especiais de Desestatização e Desburocratização, foram apenas mais um indício a confirmar a falsa impressão vendida pela campanha de Bolsonaro: aos poucos, a realidade vai esvaindo a quimera que conquistou grande parte do empresariado e do mercado financeiro. Agora decepcionam-se os que enxergaram em Bolsonaro a esperança de um sopro reformador na economia que iria varrer os maus costumes da gestão pública e modernizar as práticas anacrônicas que mantêm o Brasil atado a um modelo estatista e engessado que emperra o empreendedorismo, drena recursos escassos e é incapaz de promover o desenvolvimento e a justiça social.
Opinião da RBS
Expectativa versus realidade
A fantasia liberal foi rasgada e dá de novo lugar ao figurino original populista, que sempre caiu melhor em Bolsonaro.
GZH