A crise do novo coronavírus deflagrou uma sequência de tragédias humanas e econômicas de proporções históricas, mas também serviu para despertar no Rio Grande do Sul um amplo e inequívoco sentimento de solidariedade. O Estado é conhecido pelas atávicas disputas e diferenças internas, mas mesmo as naturais divergências ilustradas pelo eterno grenalismo não foram empecilho para a união e o apoio em torno dos mais necessitados ou daqueles que foram atingidos de forma mais dramática pelas repercussões da pandemia e restrições impostas para conter a disseminação do vírus.
Quando a pandemia for passado, o Estado sairá ainda mais fortalecido em uma de suas principais marcas: o sentimento de fraternidade que irmana os rio-grandenses
O desprendimento em gestos cotidianos, os atos heroicos de servidores e trabalhadores na saúde e na segurança, o compromisso de se apoiar empreendedores para que sigam com as portas abertas até onde for possível e mantenham empregos fazem parte deste sentimento que aflorou no Rio Grande do Sul. Por todo o Estado, empresas, entidades da sociedade civil e famílias, mesmo em dificuldades, se aglutinam e se mobilizam para ajudar outros conterrâneos que, nesta hora dura, enfrentam dificuldades ainda maiores que não seriam contornadas sem mãos amigas estendidas.
A onda de solidariedade inclui a doação de recursos por empresas para equipar hospitais, campanhas de arrecadação de donativos para entidades beneficentes, mutirões para levar refeições à população carente e o incentivo ao consumo de produtos e serviços locais, entre outras incontáveis iniciativas solidárias. São talvez milhares de ações espalhadas pelo Estado que, somadas, fazem a diferença para levar um pouco de esperança e conforto aos gaúchos mais expostos aos efeitos colaterais das medidas necessárias para combater a emergência sanitária. É em momentos graves que o caráter e o espírito de um povo são forjados, como mostra a própria trajetória do Rio Grande do Sul. Este capítulo da história ainda sendo escrito servirá para imprimir em tintas ainda mais fortes a mescla de comportamento irresignado e altruísta dos gaúchos, sempre presente nos dias mais desafiadores. Quando a pandemia for passado, o Estado sairá ainda mais fortalecido em uma de suas principais marcas: o sentimento de fraternidade que irmana rio-grandenses de todas as querências.
O reconhecimento é justo, mas a batalha contra o vírus ainda está sendo travada. O Estado não foi até agora colhido por uma torrente avassaladora de casos do novo coronavírus e mortes, como a verificada em outras unidades da federação e países, mas nem por isso o quadro deixa de ser preocupante. Pelo contrário, merece a atenção redobrada das autoridades da saúde e de toda a população. Afinal, o Rio Grande do Sul tem neste momento um dos mais elevados crescimentos diários de vítimas fatais no Brasil e é preciso colaboração irrestrita de todos para que esta tendência comece a ser revertida o mais breve possível. Renova-se, assim, apelo para que a população mantenha a disciplina, a resiliência e não seja tomada pela sensação equivocada de que de que o esforço individual pouco adianta. Este também é um gesto de solidariedade.