Sentimento de superioridade que certos indivíduos nutrem em relação a outros pela cor da pele ou etnia, o racismo é uma chaga que não aflige apenas os que sofrem diretamente com as palavras e atitudes preconceituosas originadas por esse execrável comportamento. É dispensável dizer que sente as consequências de forma mais brutal quem é vítima dessa percepção distorcida da dimensão e da diversidade humana, como mostra o recente assassinato do segurança George Floyd por um policial branco, episódio que levou a comunidade negra norte-americana a se revoltar e dar início a uma onda de protestos. Mas a persistência desse e de outros tratamentos condenáveis escancara o quanto a humanidade ainda precisa evoluir em quesitos como fraternidade, respeito e igualdade. Todas as vidas importam e todos merecem ser tratados com dignidade. Apenas o engajamento sincero de toda a coletividade nesta luta permitirá, um dia, conquistar-se paz social e desenvolvimento duradouros
Apenas o engajamento sincero de toda a coletividade na luta contra o preconceito permitirá, um dia, conquistar-se paz social e desenvolvimento duradouros
O combate ao racismo não é tarefa somente de quem passa por humilhações do gênero, tampouco é questão de cunho ideológico. É de todos, que com informação e educação precisam somar forças na responsabilidade por tentar eliminar da convivência entre os povos esse abjeto sentimento, fruto sobretudo da ignorância. Ser moral e verdadeiramente humano na aldeia global em pleno 2020 é entender que eventuais diferenças de qualquer origem não são justificativa para afastamento ou segregação. Pelo contrário. Deveriam ser motivo de união em torno do diálogo e do reconhecimento
do outro como um cidadão com os mesmo direitos e deveres. Um mundo sem discriminação de qualquer natureza e oportunidades mais igualitárias fará com que todos consigam respirar.
As manifestações nos Estados Unidos, é preciso destacar, estão mostrando a germinação da semente desse sentimento de empatia que deveria ser regra, nunca exceção. Embora boa parte dos que protestam sejam negros, as imagens que chegam de várias cidades americanas exibem brancos, orientais e latinos, a maioria jovens, a clamar pelo fim dos prejulgamentos ainda arraigados em parte da sociedade, que se refletem não apenas no comportamento policial, mas nas situações do dia a dia. A mobilização é um sinal de esperança.
Como já se observou no Brasil e em outros países em eclosões de protestos pelas mais diversas causas, em alguns casos as manifestações descambaram para violência, saques e depredação. A liberdade para demonstrar descontentamentos tem de ser preservada, mas os limites impostos pela lei, da mesma forma, precisam ser observados, até para que uma minoria não acabe manchando um movimento que tem méritos indiscutíveis.
É preciso reforçar ainda que a tolerância e a inclusão se traduzem em ganhos disseminados. Ao mesmo tempo que se faz justiça social, o próprio capitalismo só tem a se beneficiar de políticas que gerem cidadania e agreguem todos os segmentos da sociedade no mercado de consumo. A educação, uma das áreas de competência do poder público, é a mais poderosa das armas para se atingir esse objetivo. É um desafio que vale para nações modernas e pujantes mas ainda assimétricas, como os Estados Unidos, e mais ainda para lugares como o Brasil, onde apesar da grande miscigenação o preconceito que está na raiz da grande desigualdade nacional ainda grassa e contribui para um nível de desenvolvimento socioeconômico muito aquém do que a população merece e o país precisa.