A chegada avassaladora do novo coronavírus transformou de forma repentina a rotina do comércio, da indústria, do setor de serviços e, em menor grau, da agricultura do Rio Grande do Sul. De uma hora para outra, estabelecimentos precisaram cerrar as portas como forma de prevenir a dispersão do patógeno entre a população gaúcha, uma ação necessária e cujos resultados hoje aparecem de forma nítida, com um número de casos no Estado bem inferior à média nacional. Mas, subitamente, os clientes sumiram, as encomendas foram canceladas e projetos acabaram postergados em meio a um tsunami de incertezas.
Surge em boa hora a campanha lançada pela Assembleia gaúcha que busca incentivar o consumo de serviços e produtos do seu bairro, da sua cidade e do Estado
O Rio Grande do Sul vive hoje uma nova fase, de reabertura gradual e segura das atividades. No momento em que a sociedade tenta retomar algo parecido com a normalidade pré-pandemia, surge em boa hora a campanha lançada em meados do mês pela Assembleia gaúcha que busca incentivar o consumo de serviços e produtos do seu bairro, da sua cidade e do Estado, uma forma de cada cidadão também poder fazer parte de um esforço para reerguer a economia gaúcha. Não se trata de provincianismo, bairrismo, xenofobia ou algo do gênero, mas apenas uma ideia de apoiar quem gera riqueza, renda e impostos em solo gaúcho.
A iniciativa batizada de "Escolha de valor, compre produtos e serviços daqui" surge com a meritória intenção de fazer com que os empreendedores locais possam contar, dentro do possível, com a preferência de suas comunidades, fazendo a roda da atividade das tradicionais cadeias produtivas voltar a girar com mais força. Com uma boa adesão da sociedade, será possível dar fôlego a empresas locais castigadas pela pandemia e ajudar na manutenção ou recuperação de postos de trabalho perdidos na fase mais aguda da crise sanitária. Muitos gaúchos, neste instante de aflição pelas incertezas ainda presentes, viram nas últimas semanas e meses seus negócios, muitas vezes construídos ao longo de uma vida, terem a sobrevivência ameaçada. É hora de amparar a gente do Estado que sempre trabalhou duro para sobreviver, prosperar e fazer a economia gaúcha mais forte.
As grandes transformações que foram desencadeadas com a pandemia abrem ainda a possibilidade de estimular atividades que florescem e têm grande futuro, como a saúde, em que a Capital vem se consolidando como polo nacional de excelência, e tecnologia, puxada pelos parques das universidades e um número cada vez maior de startups. O poder público, da mesma forma, logo terá de recomeçar a implementar as reformas paralisadas devido à necessidade de atender a emergência sanitária. Além do processo de privatização de estatais gaúchas, que precisa ser retomado e continuar a amadurecer, à espera de melhores condições de mercado, o Estado aguarda novas medidas modernizadoras para criar um ambiente mais propício ao desenvolvimento do Rio Grande do Sul, reestruturando-se para poder melhor atender a população em áreas básicas como saúde, educação e segurança.