Diante das evidências mostrando um avanço relativamente brando do novo coronavírus na Capital, pequenos comércios e outros estabelecimentos menores voltaram ontem a abrir as portas na cidade. Os próximos passos, para frente ou para trás, vão depender muito da responsabilidade de cada cidadão e dos empresários beneficiados pela permissão da prefeitura para retornarem ao trabalho. É como um teste. O ritmo de gradual volta à normalidade, ou ao mais próximo possível dela, em um cenário otimista mas plausível, precisa do comprometimento de todo comerciante e cliente. É indispensável obedecer às orientações das autoridades, como capacidades reduzidas em lojas, uso de máscaras, limpeza e desinfecção dos ambientes. Os consumidores, da mesma forma, não podem negligenciar atitudes como a higienização frequente das mãos.
Com a manutenção ou queda dos indicadores, abre-se a possibilidade de avançar novas casas no tabuleiro da reabertura da economia
Caso empreendedores e população, cientes dos seus deveres neste momento, colaborarem como se espera, será possível que Porto Alegre continue registrando volume de casos de coronavírus e de mortes bem inferior ao quadro observado nas demais capitais. Com a manutenção ou queda dos indicadores, abre-se a possibilidade de avançar novas casas no tabuleiro da reabertura da economia. Mas, se por outro lado, houver desleixo, o maior movimento de pessoas nas ruas tende a aumentar a gravidade da pandemia na cidade e a prefeitura, inevitavelmente, será obrigada a recuar e recrudescer as regras.
É preciso ressaltar que os números revelados por GaúchaZH são alvissareiros. Porto Alegre tem a menor média diária de novos casos entre as 27 capitais do país, a sexta mais baixa taxa de infectados por habitante e é apenas a 15ª em letalidade. Sinais claros de que, na comparação com o quadro quase caótico de outros grandes centros urbanos nacionais, a situação da cidade é privilegiada. Os resultados obtidos até agora são fruto da combinação de medidas de restrição tomadas no tempo apropriado pelas autoridades municipais para evitar a explosão de casos e da disciplina da maioria dos porto-alegrenses, que se resguardou e evitou aglomerações ou outros comportamentos de risco.
Mas é um retrato do momento. A manutenção do panorama singular é frágil. Há ainda quem precise ser conscientizado, como demonstra a quantidade de flagrantes de aglomerações feitos pela Guarda Municipal. A autocontenção, a partir de agora, passa a ser uma espécie de obrigação moral de cada habitante de Porto Alegre com seus concidadãos. Todos perdem se for necessário dar passos para trás. O uso generalizado de máscaras e o cumprimento de orientações de distanciamento e das normativas da prefeitura são essenciais para que a flexibilização agora implementada dê certo e, principalmente, possa continuar. O relaxamento e a burla das regras podem ser trágicos. E o preço será alto para a economia e a saúde dos porto-alegrenses.