Por Alessandro C. Pasqualotto, coordenador do Laboratório de Biologia Molecular da Santa Casa de Porto Alegre, professor de Doenças Infecciosas na UFCSPA
Embora os dados oficiais computem aproximadamente 16 mil infectados no Brasil, este é um número certamente subestimado, pois poucas pessoas têm acesso ao diagnóstico. Mas o que exatamente são esses testes diagnósticos?
Existem dois tipos: o PCR, que detecta o vírus, e os testes rápidos, que detectam anticorpos. Se você estiver com sintomas, procure um local que lhe oferte PCR. Quanto mais rápido vier o resultado, melhor. Fique isolado até saber se você tem teste negativo. Para avaliar se você já teve covid- 19, faça o teste rápido. Ao que tudo indica, a infecção confere proteção, então, com teste rápido positivo, você estaria livre para voltar às suas atividades.
O que podem fazer as empresas? Ofereçam o teste rápido a seus funcionários ( que não tenham sintomas) para definir quem pode trabalhar. Encaminhe aqueles com sintomas e envolvidos em atividades essenciais para fazer PCR; resultados negativos permitem o retorno ao trabalho. Lembrem- se: outros vírus estão também circulando e nem toda a gripe é covid- 19.
Quais as limitações? PCR pode ser negativo em quem não tiver sintomas, bem como em quem tem pneumonia. Nos sintomáticos, os testes rápidos demoram mais dias para positivar do que PCR, podendo ser falsamente negativos também em quem já teve a doença. Muitos testes rápidos foram aprovados às pressas, sem adequada validação, tornando difícil avaliar qual, entre eles, é o mais adequado.
Por que ainda não temos testes em larga escala? Por escassez de insumos, grande parte importados. PCR requer laboratório especializado, em geral restrito a laboratórios de grande porte ou hospitais universitários. Testes rápidos estão por chegar, mas a política para uso destes, tanto no setor público quanto no privado, precisa ainda ser melhor definida. Precisamos de ampla oferta de testes para melhor enfrentarmos a crise. Infelizmente, sem essas ferramentas, permaneceremos no escuro, à margem da ciência e tomando decisões baseadas unicamente em nossos sentimentos primitivos de medo e insegurança.