O Rio Grande do Sul foi palco, ontem, de uma exitosa operação policial destinada a golpear o crime organizado. Ao transferir 18 apenados para prisões federais, o Estado deu um recado claro: não se submeterá ao poder paralelo das facções, que vinham conquistando espaço no vácuo gerado por políticas de segurança ineficientes e enfraquecidas pela penúria financeira dos entes públicos.
Entre os tantos aspectos que merecem reconhecimento na Operação Império da Lei, está o trabalho integrado dos governos federal e estadual
Entre os tantos aspectos que merecem reconhecimento na Operação Império da Lei, está o trabalho integrado dos governos federal e estadual. Os envolvimentos pessoais do governador Eduardo Leite e do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, foram decisivos para o sucesso da meticulosa operação, planejada durante mais de um ano. A cooperação entre as polícias e outros órgãos técnicos e operacionais serve de exemplo em um Estado no qual, tantas vezes, as informações são tratadas como se fossem propriedade de alguns e, por isso, subaproveitadas por todos.
Na investida de ontem contra o crime, os detalhes foram minuciosamente cuidados, inclusive a possibilidade de reação às duras medidas contra traficantes e assassinos. Centenas de policiais gaúchos foram convocados extraordinariamente para, discreta ou ostensivamente, reforçar a segurança em cidades gaúchas para as quais os bandidos ampliaram suas atividades ilícitas depois que as autoridades apertaram o cerco em 18 municípios gaúchos com índices de homicídios e latrocínios mais elevados.
Apesar dos merecidos elogios à operação, emerge do episódio uma realidade desafiadora e que se desenha como um próximo passo fundamental para que o sucesso de hoje não se dilua no tempo. Ao enviar uma dúzia e meia de bandidos para penitenciárias de outros Estados, o Rio Grande do Sul deixa exposta, de forma clara, a falência do seu sistema prisional. O uso indiscriminado de celulares dentro das cadeias continua sendo uma chaga de difícil cura. Paradoxalmente, quanto mais se posterga o ataque a essa distorção, mais amargo fica o remédio. Uma outra boa notícia é que medidas nesse sentido já foram anunciadas no escopo da operação deflagrada ontem.
Resta à sociedade gaúcha trabalhar para que nossos presídios se transformem no que deveriam ser: espaços para o cumprimento de penas de restrição de liberdade e que, ao mesmo tempo, ofereçam oportunidades de ressocialização aos que verdadeiramente desejem deixar para trás o mundo do crime. O primeiro passo foi dado ontem.