O agronegócio, incontestável fortaleza da economia gaúcha e brasileira, volta as suas atenções de hoje a sexta-feira para a Expodireto-Cotrijal, em Não-Me-Toque, no norte do Rio Grande do Sul. O município, capital da agricultura de precisão no país, abriga há 21 anos a feira que se tornou uma das principais do setor no território nacional, reconhecida pelo profissionalismo da organização, por ser a passarela da tecnologia de ponta para o campo e palco de discussões técnicas e políticas sobre os grandes temas relacionados à área. Se consolidou como um verdadeiro orgulho para o Estado, ao lado da Expointer.
O agronegócio merece reconhecimento por ter sido, no período mais duro da recessão, uma espécie de colchão que amenizou a retração do PIB do Rio Grande do Sul
O agronegócio merece reconhecimento por ter sido, nos últimos anos, principalmente no período mais duro da recessão atravessada pelo Brasil, uma espécie de colchão que amenizou a retração do PIB do Rio Grande do Sul. Sem o desempenho do campo e da sua cadeia industrial e de serviços, a retração da economia gaúcha teria sido maior. Nos bons anos, dá um impulso extra ao crescimento do Estado. Ao mesmo tempo, é o segmento que, ano após ano, vem garantindo resultados robustos à balança comercial brasileira, com contribuição significativa das exportações gaúchas.
Organizada pela Cotrijal, a Expodireto terá este ano o desafio de ao menos repetir o volume de negócios da última edição, da ordem de R$ 2,4 bilhões. Alcançar a marca já poderá ser considerado um resultado positivo, diante das incertezas que ainda rondam a produção das lavouras gaúchas na safra 2019/2020 devido à estiagem, que após sete ciclos de colheitas consideradas cheias voltou a atingir de forma mais generalizada o Estado. Mas os produtores, capitalizados pela sequência de bons resultados nos últimos anos, sabem que investir de forma precisa é decisivo para manter o ritmo constante de aumento de produtividade que o Estado vem experimentando, graças à dedicação incansável e à incorporação de tecnologia. Vitrine da inovação, a Expodireto também atrai produtores de outros Estados. E delegações de diversos países, curiosas para entender como o Brasil se tornou uma das grandes potências mundiais de grãos e carnes, para prospectar negócios, fechar convênios e oferecer as mais diversas oportunidades de intercâmbio. Apenas neste ano, representantes de mais de 60 países estarão na mostra, o que também exigirá cuidados adicionais em função da epidemia de coronavírus.
Os gaúchos já aprenderam que, graças ao efeito multiplicador, se o campo vai bem, a cidade também vai. A máxima vale ainda mais para o Rio Grande do Sul, Estado onde o agronegócio tem um peso relativamente maior no PIB na comparação com a média nacional. Episódios de estiagem, como em 2005 e 2012, não são novidades. O mesmo vale para crises e momentos de turbulência, a exemplo do que ocorre agora com o coronavírus, que espalha dúvidas na economia global. O certo é que os homens e mulheres do campo do Rio Grande do Sul, trabalhando de sol a sol, sempre conseguiram reverter eventuais frustrações e, ali na frente, superar os desafios e obter melhores resultados. Não será diferente agora.