Por Gabriela Ferreira, consultora em inovação e empreendedorismo e professora da PUCRS
Finalmente existe no mundo um país onde a igualdade de gênero é realidade. Um lugar onde não existem cotas para mulheres em cargos políticos ou posições de liderança. Isso porque não é necessário, já que todas as pessoas têm igualdade de direitos e as mesmas oportunidades.
Na capital, inclusive, há uma avenida chamada Sem Estereótipos, justamente para lembrar – nunca é demais – de um tempo onde menos de 30% das pessoas dedicadas à pesquisa eram mulheres, embora com resultados de destaque. E de quando as meninas, já aos seis anos de idade, se consideravam menos capazes e inteligentes do que os meninos, como consequência da cultura vigente.
Mesmo que as mulheres se sintam seguras, lá todas as cidades têm a Rua Sem Violência, para não esquecer que isso é fundamental. Ocorre que, no passado, 18% das mulheres eram vítimas de violência pelos seus companheiros, e 58% dos feminicídios eram cometidos por membros da família. Outra rua que existe em cada cidade do país é a da Igualdade Salarial. Embora ela seja realidade, houve um tempo, acreditem, em que as mulheres ganhavam em média 23% a menos do que os homens para o mesmo trabalho desempenhado. Além disso, e os estudos até hoje não conseguem explicar, elas eram responsáveis pelo triplo de horas de trabalhos domésticos e outras atividades não remuneradas. Há também a Ruela da Igualdade de Representação, a Travessa da Inclusão e a Praça da Educação, para servir de memória histórica, claro.
Mas existe algo no país que talvez seja responsável por boa parte da situação encontrada lá em relação às questões de gênero: a planta recicladora de masculinidade tóxica. Essa inovação é capaz que garantir a mudança de alguns estereótipos que porventura possam aparecer, como os que pregam que homens não podem demonstrar suas emoções e que mulheres devem ser submissas. Claro que isso é passado, mas a lembrança de que 13% dos homens e quase 20% das mulheres acreditavam que era normal que elas apanhassem se discutissem com os maridos faz com que a precaução fale mais alto.
Equiterra não existe. É um país imaginário, criado pela ONU, que é a fonte dos dados aqui apresentados, e que são bem reais. Equiterra não existe, mas nos dá boas dicas do que temos que fazer para buscar um mundo mais justo para todas as pessoas. Vamos junt@s?