O apelo para que a população fique em casa não deve ser levado à risca apenas pelos idosos. Mesmo quem vive a fase da juventude ou é um adulto ainda na tenra idade precisa obedecer à orientação de especialistas para que as pessoas permaneçam em suas residências, circulem o menos possível e, claro, evitem aglomerações. O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, foi claro e deu um duro mas necessário recado, há poucos dias. "Hoje, tenho uma mensagem para os jovens: você não é invencível".
Mesmo que os jovens não estejam listados entre os maiores grupos de risco, não são poupados pelo novo coronavírus, lembrou Ghebreyesus. Um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão governamental dos Estados Unidos, mostrou que 40% dos casos graves da covid-19 no território norte-americano são de pessoas entre 20 e 54 anos. Cerca de 20% das pessoas que precisaram de internação, da mesma forma, tinham entre 20 e 44 anos. Esta faixa etária também representava, até a semana passada, 12% dos que necessitavam de UTI nos EUA.
Quanto mais arrastada for a guerra do país contra o coronavírus, com um número maior de pessoas infectadas, maior será o estrago na economia
É verdadeiro que os maiores índices de letalidade estão entre os idosos, mas, se os jovens não se isolarem, com responsabilidade, poderão ainda ser um poderoso aliado do vírus. Afinal, sabe-se que cerca de dois terços das contaminações ocorrem por meio de pessoas assintomáticas. Ou seja, carregam o agente patógeno em seu organismo, mas não apresentam sintomas como febre, coriza e tosse.
O compromisso e a consciência dos jovens, portanto, é essencial para o país encurtar esta crise sanitária. Quanto mais arrastada for a guerra do país contra o coronavírus, com um número maior de pessoas infectadas, maior será o estrago na economia. E mais duro será o reflexo no mercado de trabalho. A busca por colocação ou recolocação, que já é uma tarefa árdua para os jovens em situações normais, se tornará ainda mais penosa. É o próprio futuro de uma geração que está em jogo.
Jovens têm uma natural inquietação e um sentido de urgência de viver por meio da interação social. Neste momento, porém, a atitude de manter o isolamento e o distanciamento fará a diferença que salvará vidas. É um desprendimento basilar para a construção de dias melhores, vencida a pandemia. Esta falha na orientação aos jovens, aliás, é uma das causas apontadas para o grande número de mortes na Itália.
Todos os grupos etários têm de compreender que apenas trabalhadores de serviços e atividades essenciais devem sair de casa, mas apenas para o estrito cumprimento do dever. São profissionais que têm de continuar em suas tarefas indispensáveis para o mínimo funcionamento da vida em sociedade. À imensa maioria da população, desta forma, cabe ajudar de uma forma simples: permanecendo resguardada e saindo apenas para incumbências inadiáveis, como a compra de mantimentos, remédios ou a busca por serviços de saúde.
Seguir as orientações dos especialistas e permanecer no domicílio são, hoje, as vacinas disponíveis para o coronavírus. Por isso, jovens, fiquem em casa.