Por Pedro Schestatsky, neurologista, professor da Faculdade de Medicina da UFRGS, pós- doutorado em Harvard
Todo ano, a Sociedade Internacional de Pesquisas e Resultados em Farmacoeconomia (Ispor) publica uma lista de prioridades em saúde. Gostaria de comentar brevemente cada um dos itens:
1) Medicina baseada em dados do mundo real. Utilizaremos mais dados oriundos de prontuários e celulares do que de estudos científicos;
2) Preço dos medicamentos. Infelizmente, não houve muito progresso nesse sentido, uma vez que a questão dos preços depara com os temores de prejudicar a inovação no setor;
3) Novas terapias curativas. Apesar do lançamento de novos medicamentos para tratar condições raras, como atrofia muscular espinhal, fibrose cística e beta-talassemia, o alcance ainda esbarra nos custos;
4) Gastos totais com cuidados médicos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que os gastos com saúde alcancem US$ 7,5 trilhões ao ano, o equivalente a 10% do PIB mundial. Para redução de gastos, surge a alternativa do "custo por unidade de efeito" ou na "precificação baseada em valor";
5) Cobertura universal de saúde – Acesso e equidade. Segundo a OMS, pelo menos metade da população mundial não tem cuidados básicos de saúde garantidos, por isso, esse assunto permanece em evidência na lista;
6) Modelos alternativos de pagamento baseados em valor. Nesse contexto, buscam-se novas maneiras de remunerar os profissionais e de pagar por tratamentos, a partir da melhora do paciente (pagamento por performance, não somente por quantidade de serviço);
7) Transparência nos preços. A falta de clareza em relação aos preços de serviços e produtos de saúde atrapalha possibilidades de negociação;
8) Tecnologias digitais. A tecnologia avança de maneira exponencial na área médica e tem o potencial para transformar radicalmente a saúde – e por essa razão o tópico estreou na lista de 2020;
9) Envelhecimento populacional. Essa tendência vai impactar todo o sistema de saúde mundial em um futuro próximo. O Japão, país em que 28% da população já tem acima de 60 anos, é um exemplo a ser seguido no que diz respeito a novas abordagens no atendimento a pacientes da terceira idade;
10) Medicina de Precisão. Ou Personalizada, tanto faz, já que ambos os termos se referem ao mesmo princípio. O fato é que esse tipo de medicina é um campo em expansão e que, obviamente, se cruza com o Big Data.
Enfim, teremos um ano promissor na saúde. Que venha 2021!