Por Dirceu Franciscon, deputado Estadual (PTB)
O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr., quer implantar um pedágio para os motoristas que entrarem na Capital e que não têm seu carro emplacado no município. Câmeras instaladas na entrada da cidade registrariam a passagem do veículo, e um valor de R$4,70 seria descontado do motorista por dia útil ingressado na capital. Só que essa atitude do prefeito atingirá diretamente as milhares de pessoas que vêm de outros municípios para trabalhar aqui, o que, inclusive, é o meu caso.
A cobrança que o prefeito quer implantar seria uma novidade no Brasil. A inspiração vem de fora, como de cidades como Londres e Singapura. A diferença é que lá existe um transporte público de qualidade, o que passa longe de ser o nosso caso. Aqui, não restariam muitas alternativas, aqui, os trabalhadores, em sua grande maioria, seriam obrigados a continuar vindo de carro para Porto Alegre.
Outra questão que Marchezan não se deu conta é que os trabalhadores também gastam boa parte de seu salário na cidade. Eles almoçam, compram em lojas, farmácias, mercados, enfim, também contribuem para a movimentação da economia local.
A proposta do prefeito também afeta os motoristas de transportes por aplicativos. Desses, Marchezan propõe a cobrança de R$0,28 centavos por quilômetro rodado, o que prejudicaria ainda mais essa classe, além de encarecer a viagem do consumidor final, o trabalhador.
É muito fácil querer resolver os problemas do município com o dinheiro da população, que já paga altos impostos e que não vê retorno de melhorias por parte do poder público. Para finalizar, deixo um questionamento: e se os prefeitos da região metropolitana se unirem e fizerem uma campanha para essas pessoas deixarem de gastar na Capital para comprar em seus municípios, convertendo os impostos para melhorias em suas cidades?