Durou menos de um dia, mas o pedido de uma deputada e a liminar que bloqueou o direito de a Assembleia do Rio Grande do Sul apreciar e votar na terça-feira os projetos que alteram a previdência e o estatuto dos servidores estaduais representam um preocupante precedente sobre a autonomia do Legislativo. Que uma decisão judicial – isolada, ressalve-se – tenha visado a barrar que a Assembleia cumprisse a missão para a qual deputados foram eleitos ainda se pode debitar à série de interferências de membros do Poder Judiciário em outras instâncias, o que corrói a separação entre os poderes, um dos fundamentos da democracia. Mais estranho é que uma parlamentar tenha recorrido à Justiça não para que uma lei, seja por qual razão, deixasse de vigorar, mas para interromper sua tramitação, ou seja, para que ela e seus colegas fossem impedidos de debater se deveriam aprová-la ou não.