Por Alfredo Fedrizzi, conselheiro, consultor e jornalista
Discutir? Ou conversar? Ou compartilhar ideias?Convenci fulano a fazer…? Ou... a pessoa se convenceu diante do que coloquei?
Mandei fazer…? Ou... sugeri? Ou a equipe e eu escolhemos…?
Tu tens que…? Ou talvez seja bom pra ti…?
Tu disseste? Ou eu escutei?
É óbvio… Óbvio pra quem?
Fui obrigado a…? Quem te obrigou? Não havia outra alternativa?
Minha empregada…? (Ela é tua propriedade?) Ou a pessoa que trabalha comigo?
Demiti tal pessoa? Ou... escolhi romper o contrato?
Cobrar… patrulhar… tantas palavras que revelam tanto de nós!
Essas são algumas das expressões que usamos no dia a dia, sem nos darmos conta do que está embutido na nossa forma de falar. Revelam como nossa linguagem está impregnada de autoritarismo, não de autoridade, de agressividade e da ética do poder. Além das palavras, a forma que escolhemos também interfere nessa conexão. Há conversas que podem ser feitas por e-mail ou WhatsApp.
Se nosso propósito é nos conectarmos com o outro, o mais adequado é que falemos por telefone. E outras, ainda, que o melhor é falar pessoalmente, como conversas entre pais e filhos, ou casais, ou fatos importantes nas relações de trabalho.
Em todos os casos é fundamental que possamos escolher a melhor palavra, a palavra que aproxima nosso interlocutor, que o convida para essa conexão. O livro Comunicação Não-Violenta - CNV, de Marshall Bertram Rosenberg, é uma espécie de “bíblia” do assunto. Ele defende que as relações entre pessoas podem ser feitas “evitando o uso do medo, da vergonha, da acusação, da ideia de falha, da coerção ou das ameaças”.
Um princípio-chave da comunicação não violenta é a capacidade de se expressar sem usar julgamentos de “bom” ou “mau”, do que está certo ou errado. A ênfase é posta em expressar sentimentos e necessidades, em vez de críticas ou juízos de valor.
Em tempos nos quais muitos querem impor o seu modo de pensar e não querem nem escutar quem pensa diferente, essa prática pode nos ajudar a viver melhor. Até porque o que um fala não é, necessariamente, o que o outro escuta. E o que importa na comunicação é o que o outro escutou.