Por Daniel R. Randon, presidente e CEO das Empresas Randon
Os novos tempos vividos em redes e comunidades são exponenciais em tudo. A revolução digital proporcionada por meio da internet gerou o maior canal de comunicação que a humanidade já conheceu. Uma plataforma por onde transitam dados e imagens disponíveis online e em real time. Todos temos voz e podemos ser protagonistas. E isto é bom, ainda mais com acesso às tecnologias, que encurtam distâncias, aproximando pessoas.
O preocupante – e me faz refletir – é que por conta destas infinitas possibilidades, acabamos produzindo uma perigosa polarização em todos os fóruns e temas colocados em discussão. Não existe mais uma posição de centro ou neutra bem elaborada. Exige-se a opção por um lado: Deus ou diabo; contra ou a favor.
Com as mídias sociais ao alcance de todos, passamos a agir por impulso, como especialistas em todos os temas, repassando notícias falsas, sem nenhuma preocupação com as consequências. Opinamos muitas vezes apenas com a leitura do anúncio, sem nenhum conhecimento ou base técnica. Pensamos menos e erramos mais. Convém lembrar que o que se escreve fica registrado, não tem volta!
Nas questões envolvendo política, este traço extremista é ainda mais evidente e preocupante. Esquerda ou direita? Tudo está se transformando em doutrina. Ao invés de buscarem coalizão, os governos também tendem a ser cada vez mais populistas, o que é extremamente perigoso. E o fato tende a contaminar também os candidatos a cargos eletivos nas próximas eleições, num processo que se alimenta nocivamente, talvez num caminho de mão única e irreversível.
Já no plano pessoal, dedicamos a maior parte do nosso tempo atraídos por imagens e informações na tela do que propriamente nos relacionamentos pessoais, numa inversão entre o virtual e o real. Estudos já apontam efeitos colaterais danosos ao bem-estar individual decorrente das mídias sociais, que, quando não bem utilizadas, potencializam a baixa autoestima, a depressão e a frustração.
Sem juízo de valor, a intenção é realmente refletir sobre o jogo deste admirável mundo novo. Precisamos estar atentos sobre o uso racional e adequado da liberdade de manifestação pública sem polarizar as discussões. Vamos utilizar essas oportunidades de forma positiva, como uma grande aliada na vida das pessoas. E para que o mau uso das mídias sociais não nos tire a capacidade de seres sociais!