Por Ricardo Hingel, economista, consultor e conselheiro de empresas
Há alguns dias fiz uma palestra em evento organizado pelo Conselho de Economia para cerca de duzentas pessoas, basicamente estudantes de economia ou recém-formados de todo o Estado.
Abri a apresentação lembrando um conceito básico de que não existe crescimento sem investimento e já concluindo que o maior desafio para o desenvolvimento sustentável do Brasil é o financiamento de seus investimentos.
Logo antecipei que da fonte pública é que não viriam os valores necessários, face à falência fiscal a que fomos submetidos por um Estado que se quis provedor de todas as necessidades da sociedade, desde os serviços essenciais característicos do setor público, até a construção de um Estado-empresário e investidor. Talvez acreditando que os recursos poderiam ser ilimitados, grande número de nossos governantes ignorou seus limites e construiu um Estado ineficiente. Nada tem excelência.
A quebradeira recente resultou do voluntarismo econômico que se agravou nos governos Lula-Dilma. Os investimentos vieram via PAC e do repasse de recursos para o BNDES, subsidiados, sempre inversões estatais financiadas através de mais desequilíbrio fiscal e aumento da dívida pública.
Apesar disso, a taxa de investimento nacional permaneceu insuficiente. Com a recessão provocada alcançamos o fundo do poço, pois no início de 2019 ela chegou a seu menor patamar desde 1965, quando atingiu 15,5% do PIB. Chamei a atenção da jovem plateia que, em um período de 20 anos, a taxa de investimento mundial média foi de 24,5%, enquanto a brasileira foi de 18,7%.
Para que o Brasil cresça de forma sustentável e no longo prazo, devemos investir entre 21 e 23% do PIB de forma continuada, sendo no mínimo 5% em infraestrutura. A infraestrutura desinvestida e inadequada corrói nossa competitividade e nos distancia de qualquer país de economia medianamente organizada.
Hoje, com uma economia debilitada, não há poupança nacional e nem condições de mercado para que internamente se obtenha recursos suficientes para elevar nossa taxa de investimentos. O que deverá mudar nosso rumo são as reformas estruturantes em andamento e que têm potencial para melhorar nosso ambiente de negócios e atrair investidores estrangeiros. Olhando-se os resultados do PPI – Programa de Parcerias de Investimento do Governo Federal – até agora, 71,7% dos R$ 262,1 bilhões investidos, foram provenientes de investidores estrangeiros. Há recursos e interessados, basta o ambiente de negócios. A maioria da plateia terminou com os olhos arregalados.