Por Ricardo Hingel, economista, consultor e conselheiro de empresas
Há um conceito social e econômico de que as pessoas quando trabalham têm como primeiro propósito sua subsistência e de sua família. É assim desde o início dos tempos, quando os homens saíam para buscar seus alimentos. Com a evolução da civilização e os avanços da agropecuária, das manufaturas e da industrialização, excedentes passaram a ser gerados e vieram a explosão do comércio e a especialização de funções até se chegar aos dias de hoje.
Na medida em que cada um alcança seus objetivos de sobrevivência e estes variam conforme cada um, sua cultura, aptidões e formação, as pessoas buscam a satisfação profissional. É importante se gostar do que se faz e um segundo objetivo, posterior à subsistência, se incorpora. Os melhores profissionais são aqueles que têm satisfação com aquilo com que trabalham, buscam e atingem objetivos, agregam em seus ambientes profissionais e conseguem estimular tanto a seus pares quanto àqueles a quem sua atividade serve. Orgulham-se.
Podem ser professores que trabalham com dificuldades, mas que não perdem o entusiasmo, como podem ser médicos, bancários ou executivos de grandes empresas. Alcançar o sucesso em cada empreitada estimula a seguir com uma performance positiva.
O mesmo conceito serve para grupos. Voos solos vão perdendo relevância, substituídos cada vez mais por desempenhos de grupos. Times de futebol ou orquestras só têm sucesso se houver sintonia entre os participantes. Talentos são relevantes e podem por vezes fazer a diferença, mas nada substitui o coletivo e seu entusiasmo na busca de seus objetivos.
Um terceiro ponto que afeta o desempenho profissional é o relativo ao poder. No início dos tempos, o poder surgiu como uma forma de organizar as atividades dos primeiros grupos humanos, sendo, portanto, um meio para atingir as finalidades. Disfunção do conceito, passou ao longo da história humana a se transformar em um fim nele mesmo ou até para satisfação pessoal. Tiranos tribais, ditadores, conchavos políticos e empresariais, chefetes de quaisquer hierarquias, muitas vezes, com pretensos objetivos lícitos, o utilizaram como justificativa para sua perpetuação.
Nas mais diversas empresas, todos podem identificar casos em que a gênese do poder se desvirtuou. Há casos do poder pelo poder, ruim, e o caso do poder como ferramenta para fazer as coisas certas.
O trinômio formado pela subsistência, sucesso profissional e poder é o que faz a diferença e pode qualificar as performances.