Por Ricardo Hingel, economista, consultor e conselheiro de empresas
O reduzido nível de atividade da economia brasileira, sem maiores ameaças inflacionárias, mais a provável aprovação da reforma da Previdência, alia-se a um cenário externo cuja principal ameaça é um moderado crescimento da economia mundial e viabiliza um cenário favorável a uma redução ainda maior da já historicamente baixa taxa Selic.
É possível que a Selic feche 2019 próximo dos 5% ao ano. Se considerarmos que a inflação prevista para os próximos 12 meses está próxima de 4%, teremos uma taxa de juros real pouco acima de 1%.
Na cena externa, tanto nos Estados Unidos quanto na União Europeia, os indicativos são de que as taxas de juros continuarão baixas em função também exatamente de atividades econômicas modestas.
Taxas de juros baixas geram oportunidades, mas também podem trazer riscos mais elevados. Com uma Selic em 5%, investimentos lastreados em títulos públicos ou seus correlacionados, como os referenciados em CDI e após a cunha fiscal, terão dificuldades em pagar acima da inflação.
A baixa rentabilidade de chamada renda fixa abre oportunidades, mas também riscos para quem tenta diversificar investimentos. O canto da sereia de aplicações que pagam muito acima do que o chamado CDI paga, na maior parte das vezes traz riscos que acabam saindo da seara do mercado financeiro e transformam-se em casos de polícia.
Taxas de juros baixas diminuem a vantagem rentista e oportunizam investimentos nos chamados ativos reais, que vão desde imóveis até ações, bem como o investimento das empresas.
A aprovação da reforma da Previdência melhorará a previsibilidade e a perspectiva da economia, o que pode elevar o nível geral de investimentos nos mais diversos setores econômicos, mas principalmente na infraestrutura, podendo atrair capitais externos relevantes e que são foco do chamado PPI – Programa de Parcerias de Investimentos do Governo Federal, que busca inversões estimadas em R$ 1,4 trilhão.
Há alguns dias, uma leitora me cobrou um artigo que desse uma visão mais otimista para a economia nacional; de alguma forma respondo aqui, mas há um ponto ainda não resolvido: segundo crítica do ministro Paulo Guedes, é elevada a taxa de juros cobrada pelos bancos nacionais, fruto da grande concentração bancária que se formou no Brasil nos últimos anos, ponto já tratado neste espaço anteriormente.