Por Lara Lutzenberger, ambientalista, presidente da Fundação Gaia – Legado Lutzenberger
Quantas vidas agonizam em suas labaredas? Quanta evolução volatiliza em instantes? O quanto nos aproximamos perigosamente de seu colapso e do nosso?
A Amazônia tem uma biodiversidade incalculável na sua extensão horizontal e vertical. Suas árvores, de tão gigantes, criam faixas de nichos ecológicos, como se fossem prédios cujos andares são ocupados por diferentes comunidades faunísticas e florísticas. Como não sentir admiração e reverência?
José Lutzenberger, meu ilustre pai, já alertava para isso nos anos 80 e instituições nacionais de pesquisa comprovam cientificamente, que a Amazônia em seus 8,5 milhões de km² climatiza a Europa e o quadrilátero entre Cuiabá, São Paulo, Buenos Aires e os andes, região que concentra 70% do PIB sul-americano e que está, na sua maior parte, localizado dentro do Brasil. Aí está seu grande valor econômico e social! A Amazônia de pé mantém as condições de vida e o polo econômico brasileiro pulsando. Se ela sucumbe, e esse risco existe, desertifica a região centro-sul brasileira, tornando a inóspita e improdutiva. Aliás, agrava-se, de imediato, o clima global, com o quanto de carbono que as queimadas projetam na atmosfera.
Dispomos de conhecimento e de equipamentos para monitorar e combater focos de destruição. Também é possível estabelecer alianças construtivas com os povos da floresta – uma riqueza cultural e antropológica adicional pouco reconhecida; para acessar valores humanos de sabedoria ancestral, para fomentar o extrativismo e turismo sustentáveis; para implementar reflorestamentos de madeiras nobres; para encontrar soluções orgânicas e não poluentes para crises adicionais que criamos no nosso mundo sintético; para estabelecer uma nova economia verde.
Chega de divagar na conspiração marxista que adota a causa ambiental como sua nova bandeira, no risco de internacionalização por interesses comerciais ou no saque por ongs. Chega de brincar com fogo!
É hora de ouvir quem estuda, quem conhece e quem vive na floresta para garantir sua integridade e a de todos nós.