Por Cezar Schirmer, ex-secretário da Segurança Pública
Há dois anos, o Rio Grande do Sul testemunhou a maior operação de sua história na área da segurança pública: a Pulso Firme. Mais de 3 mil profissionais, de 20 instituições, foram mobilizados para a execução da ação, que culminou na transferência de criminosos do mais alto grau de periculosidade para unidades penitenciárias federais.
Referência em planejamento e execução, a Pulso Firme foi um duro golpe nas facções e representou um momento de absoluta inflexão do crime em nosso Estado. O isolamento destas lideranças resultou na redução de indicadores criminais, principalmente de homicídios e latrocínios, que caíram mais de 20% logo no primeiro mês.
Isto demonstrou a imediata efetividade da política de segurança adotada à época. Os frutos dessa ação são colhidos até hoje e podem ser observados na manutenção da curva descendente da criminalidade alcançada na gestão do ex-governador José Ivo Sartori.
Entretanto, há sérias ameaças aos avanços conquistados até aqui. Falo das temerárias e questionáveis decisões de duas Varas de Execuções Criminais (VECs), que autorizam o retorno de três desses perigosos criminosos ao Estado. Um entendimento enviesado que, infelizmente, vai na contramão da segurança pública gaúcha e se materializa em um duro golpe no exitoso esforço empreendido por todas as instituições envolvidas na operação.
A manutenção desses presos nas unidades federais torna-se, portanto, imprescindível para a continuidade do processo de repressão ao avanço das organizações criminosas.
Aliado a esses temerários entendimentos, surge outra decisão absolutamente dissociada da realidade: a soltura, na última semana, de seis criminosos presos pela Brigada Militar com 4,6 toneladas de maconha.
É fundamental, desta forma, que entendamos que no mundo da segurança só existem dois lados: o do crime e o do enfrentamento do crime. A sociedade, a imprensa, os cidadãos, as instituições, a lei e, sobretudo, o poder público em todos os níveis, devem ter plena clareza de que lado estão, pelo bem dos 11 milhões de gaúchos.