É possível encontrar boas novas e delas extrair presságios de dias melhores em meio à onda de mau humor quase generalizado que aflige o Estado e o país. Um exemplo de dado que permite ter esperança de que o fundo do poço foi de fato deixado para trás pelos gaúchos é o IBC-Br, espécie de prévia do PIB, apurado pelo Banco Central (BC).
De janeiro a maio, a economia gaúcha cresceu 4%, bem acima da média nacional, de 0,9%, fazendo o Estado liderar o avanço no país
Os números relativos ao Rio Grande do Sul mostram que, de janeiro a maio, a economia local cresceu 4%, bem acima da média nacional, de 0,9%, fazendo o Estado liderar o avanço na atividade entre as 13 unidades da federação analisadas pela autoridade monetária, no acumulado do ano. Não significa que todos os problemas que travam as forças produtivas foram removidos e o pleno dinamismo esteja de volta. Longe disso. Mas é um indicador que merece ser exaltado, deixando um pouco de lado as lamúrias que predominam do Mampituba para baixo, resultado de décadas de decadência e perda de vigor da economia, que levam à desesperança e à fuga de cérebros para o Exterior ou para o centro do país. Mais relevante ainda é que o resultado teve como um dos principais motores a indústria, setor tradicional e forte no Rio Grande do Sul, mas ferido pela longa crise que assola o país.
São sinais auspiciosos, ainda que seja preciso manter a cautela. Há desafios à frente para o otimismo ser duradouro. As finanças do Estado seguem agonizando, à espera de uma solução estrutural. É preciso um mínimo de reequilíbrio para primeiro fazer o básico, como colocar salários do funcionalismo em dia, e depois chegar à possibilidade de aplicar um montante mais significativo de recursos em áreas básicas.
As saídas, porém, só serão encontradas com um esforço que vá além, melhore o ambiente de negócios e gere bem-estar aos gaúchos. É um contexto em que se encaixam iniciativas como o Pacto Alegre e o Cresce RS. O primeiro, voltado à Capital, é uma salutar articulação entre entes públicos e privados para transformar a cidade em um polo de inovação, empreendedorismo e atração de investimentos.
O segundo, liderado pela Assembleia, também reúne órgãos do Estado, sociedade civil organizada e associações empresariais para tentar destravar frentes que possam alavancar o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. Concatenadas, são duas iniciativas que têm o potencial de ajudar o Estado a recuperar o protagonismo no cenário nacional, voltar a reter talentos e ser uma terra de oportunidades, e não uma terra a ser abandonada na primeira oportunidade.