Por Gabriela Ferreira, líder de Impacto Social do Tecnopuc e diretora técnica da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
Criatividade, experimentação e capacidade de fazer associações inusitadas são características encontradas nos artistas. E são, igualmente, atributos fundamentais para o inovador. A constatação não é nova, e há exemplos como o de Einstein, que, quando em dificuldades ao longo da concepção da Teoria da Relatividade, pegava seu violino e tocava Mozart até se reconectar com o que ele chamava “a harmonia das esferas”. Mas a grande referência é mesmo Leonardo da Vinci, que, além de ser o pintor de um dos quadros mais famosos da história, a Mona Lisa, também foi o inventor da bomba hidráulica de elevação, do primeiro esboço de um paraquedas e, segundo alguns, da primeira bicicleta.
Ainda que de forma tímida, as empresas começam a olhar para a conexão entre arte e inovação. Na semana passada, aconteceu em Nova York o 2019 Art+Tech Summit, realizado pela Hyundai, com objetivo de explorar as formas pelas quais a inteligência artificial está impactando a arte e suas implicações para o futuro. Especialistas em tecnologia e inovação da Google, MIT e o New Museum, entre outros, se reuniram em painéis para discutir sobre o assunto que está transformando o panorama global da área. Além do impacto da tecnologia na arte, a Hyundai Motor é, hoje, uma investidora de arte contemporânea, e o vice-presidente, Wonhong Cho, afirma que arte e tecnologia caminham juntas no design e fabricação dos seus carros. Também a gigante Google está trabalhando com o tema e conta com artistas atuando ao lado dos experts em tecnologia na área de design da empresa, bem como ministrando workshops para as equipes.
Para Walter Isaacson, escritor das biografias de Albert Einstein e de Steve Jobs, “a inovação virá de pessoas que são capazes de ligar beleza à engenharia, humanidade à tecnologia e poesia aos processadores”. Se não podemos ter muitos Da Vinci, com suas múltiplas competências, é possível evoluir desenhando modelos que coloquem cientistas e artistas trabalhando juntos. Vamos, assim, usar a inteligência disponível nas suas diferentes formas, unindo divergência e convergência para o bem de todos. Você vem?