Por Gabriela Ferreira, líder de Impacto Social do Tecnopuc e diretora técnica da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
Em dezembro de 2015, a União Europeia adotou o Plano de Ação para a Economia Circular, com o objetivo de construir uma economia próspera, moderna, competitiva e neutra em termos de clima até 2050. Somente para o período 2016-2020, foram alocados mais de 10 bilhões de euros. A partir dos dados, é possível perceber que a economia circular, cujo objetivo é garantir que os materiais reintroduzidos na economia sejam economicamente rentáveis e seguros, já é uma tendência irreversível.
O conceito se contrapõe à, ainda predominante, economia linear, baseada no processo de extrair, produzir e descartar. Essa etapa, na definição da economia circular, não existe, já que todos os materiais têm valor e devem ser reincorporados ao sistema.
E são muitas as motivações para se engajar nessa mudança. Estudos da Ellen MacArthur Foundation apontam que, adotando esses princípios, até 2030, a Europa pode gerar 1,8 bilhão de euros, mais de 1 milhão de postos de trabalho e, ainda, reduzir as emissões de gases com efeito estufa. O Brasil, que em 2016, de acordo com o World Resources Institute, ocupava a sexta posição mundial em emissão desses gases, precisa melhorar muito.
Nesse cenário, algumas das propostas do Mapa Estratégico da Indústria 2018-2022 da CNI veem a economia circular como oportunidade para o uso mais eficiente dos recursos e aumento da competitividade da indústria. Entre os desafios, está o de considerar resíduos como recursos de valor, com destaque para o plástico, expandindo sua reciclagem de 9,8% para 12,5% até 2022. O aumento da eficiência energética em 10% e a redução de gases de efeito estufa em 37% até 2025 são outras metas. Mas existem diversas possibilidades para inovar na economia circular, como a adoção de modelos de negócios baseados no acesso, e não na posse, conforme a Exchange For Change Brasil.
Segundo o Global Footprint Network, estamos usando recursos quase duas vezes mais rápido do que eles conseguem se regenerar, algo obviamente insustentável e que torna fácil de entender a frase que diz “todo lixo é um erro de design”. Precisamos, urgentemente, começar a fazer certo.