Por Alfredo Fedrizzi, conselheiro, consultor e jornalista
Burocracia mata negócios, mata empregos, mata investimentos, mata vidas. Burocracia atrapalha. Em vez de simplificar para inovar e gerar riqueza, fazemos o contrário. A burocracia piora ano após ano. Mais regras são criadas, sem extinguir as antigas, novos documentos – muito desnecessários – são exigidos. Funcionários da “máquina” vão se escondendo atrás de montanhas de papéis, que passam de mesa em mesa por meses ou anos, com despachos: “ao fulano de tal, para manifestação”. E ninguém decide. A burocracia pública brasileira se comporta como se a iniciativa privada fosse uma concessão do Estado. O problema de fundo é sua orientação ativamente pré-moderna e anticapitalista. Muitas vezes criada sob o pretexto de impedir a corrupção, a burocracia pode até aumentar a corrupção, criando dificuldades para vender facilidades. Custa caro, afugenta quem pretende empreender e atrasa tudo. É um inimigo na trincheira, tumor crescente no organismo. São milhões de regras, assinaturas, autorizações, documentos, carimbos, a presença física, gastando um tempo importante da vida de cada um.
Para se abrir uma empresa na Austrália, leva meio dia. No Brasil, a média é de 79 dias para ter todos os registros, alvarás e licenças em mãos. No Uruguai, leva 6,5 dias. No Paraguai, a metade do nosso tempo: 35 dias.
Hoje, com a tecnologia acessível, não fazem mais sentido muitos dos procedimentos que a máquina pública exige. Não cabem mais filas para conseguir senha e ser atendido em uma consulta médica. Isso pode ser feito eletronicamente.
Na vida pública, o excesso de controle está tornando a gestão impossível. Quem está dentro da máquina percebe o tamanho do monstro. Tenho amigos em universidades públicas que contam barbaridades. Dizem que não se faz mais nas universidades pelos entraves burocráticos. Um empresário quis doar bolsas para um grupo de pesquisa em uma dessas universidades e teve de passar por sete instâncias e três auditorias. Outro conta que tem uma doação de R$ 40 milhões e não consegue usar devido às dificuldades criadas pelo Estado brasileiro. Em outro caso, para que uma impressora 3D, doada, fosse incorporada ao patrimônio da universidade, foi preciso passar por 38 assinaturas! Por que os legisladores não tomam nenhuma providência para simplificar a vida do povo brasileiro? Por que os funcionários públicos não propõem mudanças? Quantos negócios e empregos se perdem por conta disso? Quanta gente vai morrer em filas? Ou esperar por uma autorização até que alguém resolva dar?