Por Janile Soares, economista e coordenadora da Comissão de Educação Financeira do Corecon RS
Ao falar em finanças pessoais e educação financeira, alguns termos se destacam por serem muito procurados, como dinheiro, riqueza e investimento. Falar sobre dinheiro é considerado um tabu, muitas vezes pelo desejo fraternal dos pais em proteger os filhos de algum problema, ou evitar expor a real situação familiar. A riqueza, tal como acúmulo de bens, ainda é vista como um objetivo de vida, e investimento é tratado como algo que somente magnatas podem ter acesso.
Vê-se o fantasma do desemprego que paira sobre o dia a dia do trabalhador, a iminência da reforma da Previdência e sua perspectiva (ou discute-se a falta dela) e as taxas de juros que continuam virando verdadeiras bolas de neve na vida dos mais de 63 milhões de brasileiros endividados. O que pouco se nota é a busca de informações sobre como gerir bem o dinheiro, de forma que a riqueza e os investimentos sirvam como um meio de realizar metas, ter qualidade de vida e um futuro tranquilo.
Acontece que falar sobre gastos e salários não está nas conversas mais frequentes das casas dos brasileiros, nem costuma estar nas rodas de conversa, tampouco na mesa do bar ao trocar uma ideia entre amigos. E é aí que mora o perigo.
O mundo digital vem mudando o mercado que conhecemos, tão rápido quanto uma avalanche. Com tantas possibilidades e termos novos – startups, fintechs, criptoativos, etc – um pouco de técnicas de "encantamento" do cliente, poder de persuasão e promessas de rendimentos muito acima da média, fica mais fácil a população cair em golpes.
Recentemente vimos a operação Egypto, da Polícia Federal, que chegou a uma empresa que prometeu a centenas de clientes retornos de 15% ao mês, no curto prazo, com investimentos em criptoativos, sem ter realizado sequer um investimento no que se propôs. O mau uso do conhecimento por parte de golpistas e o desejo de uma mudança de vida podem dar lugar a armadilhas relacionadas a investimentos.
Em alguma época da vida você já ouviu que o dinheiro deve trabalhar para você. E está certo. O importante é estar atento ao que é real e seguro dentro do mercado financeiro.
Não há milagre. O que existe é a relação risco versus retorno que diz que, quanto maior o retorno que um investimento oferece, maior tende a ser o risco dele. Para reduzir a chance de ter prejuízo, deve-se checar com os órgãos reguladores o histórico da empresa que está oferecendo serviços. No site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), é possível consultar, pelo CNPJ, se as empresas que oferecem serviços de investimentos, como corretoras, consultorias e gestoras de fundos estão cadastradas na autarquia. Questione sobre auditorias e a supervisão que regulamenta a empresa. Vale lembrar que há diversos tipos de investimentos, com riscos e prazos diferentes. Portanto, conhecer o seu perfil é muito importante. Limite a sua exposição ao risco, aplicando em diferentes tipos de investimentos e criando um portfólio variado para minimizar as perdas.
Esteja atento, pesquise sobre os serviços diferentes dos que você já conhece, procure profissionais da área, estude o assunto e entenda plenamente aquilo que você está aceitando. Investir é para todos.