Por Arthur Gubert, comunicador, integrante do programa pretinho básico da rádio Atlântida
A internet não funciona com privacidade. Mais que isso: privacidade é um conceito incompatível com o modelo de internet praticado atualmente. Gigantes como Facebook, Waze e LinkedIn ganham dinheiro, quase que totalmente, com publicidade. E para otimizar esses ganhos elas precisam nos conhecer, descobrir nossos hábitos e por aí vai. E isso significa violar nossa privacidade.
Tudo que fazemos online gera dados ao nosso respeito. Quando concordamos com os termos de uso, abrimos mão de nossos dados em troca de serviços que facilitam a vida. Desde o melhor trajeto para a viagem até - pasmem- brinquedos adultos inteligentes. O curioso é que simplesmente não ligamos para isso. Preferimos abrir mão de informações a nosso respeito em troca da economia de tempo e um pouco de diversão. A empresa japonesa Niantic, que desenvolveu o game Pokémon Go, que usa a câmera do smartphone, deixa claro em sua política de privacidade que pode coletar suas fotos, imagens da sua casa, gravar conversas e fazer usar esses dados como quiser. O game já foi baixado quase 1 bilhão de vezes.
No entanto, algumas políticas tentam proteger a privacidade do usuário. No Brasil, o Marco Civil da internet proíbe que provedores violem o direito à intimidade dos usuários. Na Europa, a lei de proteção de dados pessoais vigora desde maio. A nova regra exige que os usuários sejam avisados em até 72 horas sobre vazamentos de informações pessoais e impõem multas pesadas para as empresas envolvidas.
Apesar dessas barreiras é difícil controlar o que os aplicativos e redes sociais garimpam sobre nossa vida diária. Até porque quem estaria disposto a tirar seu currículo do LinkedIn ou desativar o perfil do Facebook em nome do direito de ser invisível? A questão é filosófica. Afinal quem é o produto no final das contas? A gigante da internet que lucra com seus dados ou o usuário que economiza tempo no trânsito? Antes de pensar vou ali postar e já volto.