Por Alessandra Fedeski, jornalista com pós-graduação em marketing político
O Instagram anunciou recentemente que a rede social irá realizar testes para implementar uma mudança de alto impacto entre seus usuários. Possivelmente, em breve, o número de curtidas, os denominados likes, não serão mais visíveis em fotos e vídeos da plataforma. Apenas o usuário terá acesso aos seus números individuais.
Para além das modificações que veremos, caso a alteração seja efetivamente realizada, gostaria de visualizar o cenário das próximas campanhas eleitorais brasileiras e como os candidatos deverão focar suas estratégias de engajamento, aproximação e relacionamento.
Entendo que o número de likes movimenta o ego de determinadas pessoas, porém, eles por si só não garante a efetividade daquilo que se quer transmitir. Essa lacuna ganhou ainda mais amplitude com a possibilidade de compra de likes. Em uma campanha eleitoral, o que evidencia se determinada mensagem foi aceita ou não é o número de votos na urna. Likes não são garantia de voto, mas ainda assim percebemos políticos apegados à essa métrica, em razão, creio eu, da forte influência que as redes sociais vêm obtendo nas eleições, especialmente na última.
É necessário que ampliemos a nossa percepção do papel das redes sociais, deixemos a objetividade numérica em segunda plano e foquemos na relação de troca entre usuários. O que determina o quanto uma mensagem está funcionando como o planejado – com o conteúdo sendo levado para fora da plataforma, com o seu autor em evidência – é o uso que as pessoas fazem dela: seja comentando determinada postagem, seja levando o assunto para outros meios de comunicação ou alterando seu comportamento de alguma forma.
Com a redução da pressão por número de curtidas, a própria produção de conteúdo deverá ser modificada e veremos que uma mensagem alcança seu objetivo quando transcende o smartphone, independentemente de quantas curtidas ela obteve.