A frustração com os resultados registrados pela extinção de órgãos estaduais, aprovada no governo José Ivo Sartori, demonstra na prática a dificuldade de serem efetivadas mudanças que possam adequar o tamanho do Estado a um cenário de transformações rápidas. Reportagem publicada por Zero Hora revela que, das 13 instituições extintas, cinco, de fato, deixaram de operar. A economia prevista com esse processo ficou reduzida a pouco mais da metade. O resultado reflete a dificuldade de se reduzir o tamanho do Estado em um país no qual as corporações se organizam para deixar tudo como está.
Mesmo inferiores às pretensões, os resultados com a venda de instituições estaduais significam um alento
É de se estranhar também a intervenção do Judiciário em questões específicas de outros poderes. Uma crise das dimensões atuais, como a enfrentada pelo setor público gaúcho, não se resolve só com a participação do Executivo. É preciso que também os demais poderes possam se ajustar à situação fiscal do Estado, adequando-se a uma realidade que não tem mais como ser sustentada sem prejudicar ainda mais quem depende de serviços públicos.
O consolo, sob o ponto de vista de um setor público que precisa agir logo para retomar o atendimento de demandas da sociedade, é o fato de, mesmo inferiores às pretensões, os resultados com a venda de instituições estaduais significam um alento. Transformações como a que o Estado e o país necessita precisam ser levadas adiante nos momentos certos _ como os de crise e aqueles em que os gestores eleitos estão na chamada fase de lua de mel com a sociedade. É o que se constata, nos últimos anos, diante da tendência ao populismo que marca historicamente a política brasileira, associada à fragmentação de interesses, incluindo os políticos e corporativos.
Em âmbito nacional, só houve avanços significativos quando essas situações foram bem aproveitadas. É o que vem ocorrendo desde os anos 1980, quando a crise do balanço de pagamentos levou às reformas fiscal e monetária. A hiperinflação deu margem ao Plano Real, enquanto a lua de mel de início de governo permitiu a abertura comercial na gestão Fernando Collor e a reforma da Previdência nas administrações Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Vale o mesmo para os Estados, incluindo o Rio Grande do Sul, onde o governador Eduardo Leite está diante de uma fase propícia para o diálogo com a sociedade e seus representantes.
Mudanças não se extinguem em uma ou outra tentativa. Cada vez mais, diante das dificuldades atingidas pela crise no setor público de maneira geral, precisarão ocorrer de forma permanente.