O novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, tem a oportunidade de demonstrar que aprendeu a evitar os erros cometidos por seu antecessor, Ricardo Vélez Rodríguez. O currículo do novo integrante do primeiro escalão demonstra um perfil pouco afinado com os desafios gigantescos da educação brasileira. A expectativa de que esse aspecto poderia ser compensado com a indicação de uma equipe familiarizada com as necessidades do setor acabou não se confirmando na prática. Ainda assim, só o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter finalmente se desvencilhado de um ministro que criava uma polêmica por dia e não deu um passo concreto sequer na direção de solucionar o drama educacional brasileiro já é um alento.
O país deveria aproveitar o período de mudança de rumos para definir de vez um norte na área de ensino
O desafio que o novo ministro assume depois de 100 dias de inoperância de um Ministério da Educação (MEC) perdido em inúteis batalhas ideológicas chama a atenção pelas dimensões. Por isso, é importante que, para compensar a falta de experiência em gestão pública e na formulação de políticas educacionais, o responsável pelo setor tenha pelo menos a clareza necessária para vislumbrar que caminhos o país deve trilhar para conquistar um aprendizado de qualidade. Essa é uma área que precisa de resultados mensuráveis com rigor técnico, não de debates ideológicos intermináveis que servem apenas para acirrar divisões.
É preciso que o MEC retome logo o seu dever de dialogar com Estados e municípios, exercendo seu papel de indutor de políticas específicas. O Brasil, que recém havia alcançado um consenso mínimo para o setor, não pode desperdiçar essa conquista, pois é fundamental para a continuidade de avanços tanto no aspecto econômico quanto no social.
A particularidade de o novo ministro ser economista pode favorecer a definição de metas. O país precisa avançar em ganhos de produtividade, o que depende não apenas de crescimento sustentável do Produto Interno Bruto (PIB), mas também de capital humano, baseado em mão de obra qualificada. Esse aspecto só reforça a importância de o país contar sempre com políticas realmente conectadas com a urgência de avanços educacionais.
O país deveria aproveitar o período de mudança de rumos para definir de vez um norte na área de ensino. Não é mais possível permitir que tantos jovens continuem deixando a escola antes do tempo sem as habilidades básicas para lidar com tarefas que exigem um mínimo de aprendizado.