A confirmação, pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de que até outubro deve estar concluído o processo licitatório para concessão de parques nacionais de Canela, São Francisco de Paula e Cambará do Sul é um fato altamente positivo. Desde que observadas as devidas cautelas ambientais e o respeito às características dessas áreas, a intenção detalhada ontem em entrevista à Rádio Gaúcha pode se constituir numa alternativa para a situação de quase abandono enfrentada por muitos parques do Rio Grande do Sul.
Por suas riquezas naturais, muitas dessas áreas têm potencial para serem transformadas em verdadeiras salas de aula ao ar livre para o aprendizado de educação ambiental por jovens e adultos, além de se transformarem em importantes polos turísticos. Diante da penúria do setor público, as concessões à iniciativa privada constituem-se numa forma de garantir maior comodidade aos usuários, com a garantia da oferta de serviços básicos. É importante que ocorram também melhorias na infraestrutura viária, facilitando o acesso aos pontos de visitação.
Bem administrado, o fluxo turístico é um estímulo à preservação desses locais. Veja-se, por exemplo, o colar de parques nacionais nos Estados Unidos. Alguns deles, como Yosemite e Yellowstone, são visitados por milhões de pessoas a cada ano. Com o pagamento de modestas taxas de visitação e os serviços comerciais, como restaurantes e lojas de suvenires, garantem a preservação e evitam a depredação. No Brasil, um quase solitário exemplo do potencial
bem aproveitado é o Parque Nacional do Iguaçu.
É importante que ocorram também melhorias na infraestrutura viária, facilitando o acesso aos pontos de visitação
Da mesma forma, são alvissareiras as notícias de que o governo estadual pretende conceder o Zoológico de Sapucaia do Sul. Na concepção dos gaúchos, o zoológico padece da crônica falta de recursos, paralisando-o no tempo e deixando-o muito aquém do potencial de educação para o respeito e cuidados com animais e natureza. Como parque, o zoológico ficou para trás diante da imensa maioria dos similares mundo afora em razão da falta de recursos e de prioridades dos governos para pagamento de salários de servidores.
O Rio Grande do Sul precisa recuperar o tempo perdido, aproveitando de forma mais eficaz o potencial de suas riquezas naturais, sob os pontos de vista educacional e turístico. Propostas como a da prefeitura de Porto Alegre prevendo a exploração comercial de parques e praças também merecem ser avaliadas sob essa ótica.