Por Luciana Genro, deputada estadual
Historicamente março é o mês das mulheres. Mas nos últimos anos a pauta das mulheres tem tomado conta dos debates políticos o ano todo. A explicação deste fenômeno é que as mulheres vêm ganhando força e não aceitam mais caladas serem vítimas de discriminação, da violência, do assédio. As mulheres têm se tornado feministas.
O feminismo ainda é mal compreendido por muitos setores da nossa sociedade. Muitos acham que ser feminista é ser o oposto de machista. Não é. Feminismo é a ideia radical de que as mulheres são seres humanos tão merecedoras de respeito e dignidade quanto os homens.
Infelizmente ainda precisamos de um movimento para afirmar o óbvio. Precisamos do feminismo porque as mulheres ainda ganham menos do que os homens, ainda são vistas como propriedade dos homens, espancadas e mortas pelo simples fato de serem mulheres. Ainda são assediadas e constrangidas nos seus empregos, nos meios de transporte, nas ruas.
Em 2018, com o movimento #EleNão, a força das mulheres ganhou as ruas. Uma hashtag que saiu das redes e virou palavra de ordem no mundo real. Bolsonaro ganhou, mas nós, de certa forma, também. Ganhamos força e consciência, nos politizamos, conquistamos unidade e garra para seguir negando o autoritarismo e o patriarcado.
Este mês de março é marcado pelo histórico dia 8, eternizado pelo martírio das operárias de Chicago, e também pelo recente dia 14, quando se completou um ano da execução de Marielle Franco.
Lutamos por um feminismo antirracista, que acolha as mulheres negras, lésbicas, bissexuais e transexuais, conectado com as lutas da classe trabalhadora. Felizmente uma nova geração de mulheres vem se formando feminista. Se antes era raro encontrar uma mulher que se identificasse como feminista, hoje é muito comum. Apoiando-se nas conquistas das que vieram antes, as jovens feministas vêm ganhando o mundo. E vamos seguir sendo feministas até que toda a forma de opressão seja eliminada e assim tenhamos uma democracia real.