Por Gabriela Ferreira, líder de Impacto Social do Tecnopuc e diretora técnica da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
Muito tem se falado sobre o futuro do trabalho e, sobretudo, especulado sobre quais serão as profissões do amanhã. A consultoria Cognizant, especialista global em serviços profissionais, apresentou, na edição 2019 do Fórum Econômico Mundial, uma lista instigante. De 21 ocupações que eles acreditam que serão comuns em 10 anos, quase todas vinculadas à tecnologia, uma delas chama a atenção: planejador de propósito.
A profissão – especialmente sua nomenclatura – pode ser nova, mas a demanda por ela não é. Propósito, de acordo com o dicionário, é aquilo que se busca alcançar; objetivo, finalidade, intuito. Do ponto de vista pessoal, pode ser entendido como a forma pela qual a pessoa faz a diferença no mundo, e que faz sentido pra ela. No caso das organizações, é a razão de existir e, pensando em sobrevivência, é o meio pelo qual elas se tornam únicas. Nem todas têm o propósito explícito, mas ele não é novo, e aqui temos de ser justos com as que sempre o tiveram. Talvez o que tenha mudado é o fato de que o lucro ou resultado, como objetivo que é, começa a ser entendido como uma consequência, e não mais confundido com o propósito em si.
Voltando ao profissional, suas atividades referem-se ao desenvolvimento de uma estratégia e uma narrativa de propósito corporativo que engaje clientes e funcionários. Para os primeiros, o propósito pode ser o motivo determinante da escolha pelo produto. Para os colaboradores, aquilo que vai fazer com que ele escolha ficar na empresa. Alinhamento entre causas, a organização e seus diferentes públicos, interno e externo, é a base da sua função. Conhecer ética corporativa e os movimentos de sustentabilidade são atributos necessários. Da mesma forma, saber comunicar isso por meio de redes sociais é requisito básico. Mas não vá pensando que é uma função baseada somente em “soft skills”: habilidades financeiras, capacidade de interpretar tendências e cenários macroeconômicos são fundamentais para o cargo. Quem olha para o futuro já entendeu a importância e enxerga até carreira na área do propósito. E você e a sua empresa, já estão tratando disso?