Por Ricardo Hingel, economista
O período de férias é propício para todo o tipo de reflexão e para pensar um pouco no que se faz na vida.
Nos acostumamos a utilizar o verbo construir no sentido material. Construímos estradas, edifícios, carros, aviões e tudo o mais. Por mais materialidades que se construam, nada é maior do que as memórias acumuladas. As memórias construídas e que se juntarão no final de nossos tempos serão a maior construção que faremos.
Amigos de décadas constroem histórias comuns que poderão ser lembradas décadas depois e terão valor imensurável. Aos 90, você poderá estar lembrando de fatos comuns com pessoas com quem privou na juventude, ou mesmo depois. Valem muito!
Em sua família, é absurdo o valor de memórias do início da vida de seus filhos e netos, suas primeiras interações, seus crescimentos e, em especial, de seus sonhos, onde ficamos muitas vezes em silêncio observando suas evoluções, no que terão pela frente e que você é parte de suas vidas e dos sonhos que eles constroem. Por vezes pare e observe em silêncio, pois aqueles instantes podem não ter preço na construção de suas memórias.
Férias em família podem ser momentos ideais para acompanhar a evolução dela, pois a corrida do dia a dia nos rouba momentos preciosos de nossos tempos, e crianças são crianças apenas uma vez. Se não prestarmos atenção, corremos o risco de um dia depararmos com pessoas desconhecidas, e são nossos filhos. Viagens de férias são ideais para este conhecimento e todos poderão colecionar momentos especiais, que serão juntados na construção das memórias e, em um futuro longínquo, todos estarão lembrando. Imagine-se. Lembrar e refletir sempre é bom.
Também na vida profissional se constroem carreiras em que memórias são construídas. As pessoas passam décadas trabalhando e fazendo relações definitivas. No trabalho, podem constituir relações sólidas e que extrapolam esse ambiente e, mesmo após a aposentadoria, continuam se relacionando em grupos, praticando esportes ou apenas se reunindo em volta de uma mesa, ainda construindo novas memórias, mas, também, valorizando as antigas, suas histórias comuns.
As construções materiais que fazemos podem até perdurar no tempo e nos superar, mas o que vale é o que mantemos em nossas mentes. No fim de nossos tempos, a qualidade de nossas memórias é que dirá se fomos pessoas felizes.