Por Antônio D. Benetti, professor de Saneamento do IPH-UFRGS
Nestes meses de verão, muitas cidades no RS têm sido castigadas com a falta de água potável. Água pode faltar por diferentes motivos, como estiagens e enchentes. Também por contaminação, como a do rio Paraopeba pelos rejeitos da barragem de Brumadinho. Contudo, as interrupções verificadas em nossas cidades têm outra origem. Devem-se as falhas nas estruturas que compõem os sistemas de abastecimento de água. O desabastecimento tem ocorrido porque adutoras se rompem, porque estações de tratamento de água estão no limite e não atendem a demanda, porque não há pressão na rede, por bombas que falham ou por panes nos sistemas elétricos da captação.
As companhias de saneamento elaboram Planos Diretores de Abastecimento de Água, onde são estimadas as demandas presentes e futuras de consumo de água para as diversas regiões das cidades. Com base nestes planos, planejam as obras necessárias para atender as demandas previstas, assim como os recursos financeiros requeridos. Assim, é possível estabelecer um cronograma para atender as necessidades projetadas e não faltar água. Uma parte das tarifas cobradas dos consumidores é destinada para estas necessidades de investimentos.
A Organização Mundial da Saúde recomenda que as empresas de saneamento elaborem Planos de Segurança da Água. Nestes planos, os sistemas de abastecimento das cidades são analisados detalhadamente, desde a captação até os pontos de consumo, detectando todos os riscos que possam comprometer o abastecimento. Desta forma, medidas preventivas são adotadas para minimizar as interrupções no abastecimento.
O abastecimento de água potável nas cidades é considerado um dos maiores avanços de saúde pública da história da humanidade porque evita doenças, estimula a economia e dá dignidade para as pessoas. Planos de Abastecimento e de Segurança da Água são duas ferramentas de planejamento que podem ajudar na manutenção do fornecimento contínuo de água para as cidades, no presente e no futuro.