Por Igor Oliveira, consultor empresarial
Ouço as pessoas ao meu redor dizerem que o Brasil não vai bem e que a culpa é de alguém. Esse alguém varia, é claro, de acordo com quem opina. PT, MDB, PSDB, os banqueiros, militares, funcionários, rentistas. A história contada, no entanto, não muda tanto. Sinto falta de alguém que discorde de todos. Alguém que diga: estamos progredindo.
Em 1990, a população do país não chegava a 150 milhões, e o IDH era de 0,61. Hoje, somos 210 milhões com IDH de 0,76. Ganhamos, como nação, a capacidade de proporcionar uma vida substancialmente melhor a um número consideravelmente maior de pessoas. Só que isso ninguém enxerga.
Somos um país em construção. Nossas instituições, nossa diversificação econômica, nossa infraestrutura. Tudo tem evoluído gradualmente nesse período. Em 2022, completaremos 200 anos de independência. Na história da civilização, isso é nada. É extraordinário o que conseguimos construir nesse curto período, ainda por cima sem destruir todo nosso capital natural, ao contrário de outras nações. Temos muito a ensinar ao resto do mundo. Só falta alguém que abrace essa narrativa.
Ouço os comentários sobre a reforma da Previdência e a situação fiscal dos Estados. O Rio Grande citado como um Estado envelhecido e endividado. Um Estado sem futuro.
Sinto falta de alguém que defenda que é a União quem nos deve. Alguém que compare o que pagamos e o que recebemos desde a Independência ou, ao menos, desde a República. Alguém que bote a Lei Kandir inteira na conta e bata o pé publicamente. É isso ou estamos fora do pacto federativo. Sabemos pelear como o fazem hoje a Catalunha e outras regiões do mundo.
Veja, eu nem sequer concordo inteiramente com essas duas teses, a brasileira e a gaúcha. Porém, as julgo necessárias para equilibrar o debate. Na democracia é assim: precisamos ter as ideias representadas para podermos construir juntos. Hoje, ninguém tem a coragem de comprar essas brigas, que são absolutamente necessárias. São espaços vazios, oportunidades para novos líderes.