Por Gabriela Ferreira, líder de Impacto Social do Tecnopuc e diretora técnica da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
Existem inúmeras tecnologias disponíveis para a prevenção de desastres e esse é um campo de dedicação de muitos pesquisadores, empresas e órgãos internacionais pelo mundo afora. Os estudos são focados, especialmente, nos desastres naturais, que são de difícil previsão e quase nenhum controle. No entanto, esse conhecimento, transformado em soluções como processos, sistemas de gestão e equipamentos, pode ser aplicado também a eventos que não sejam de ordem natural. No caso de barragens, que são em si uma tecnologia, as inovações podem ser utilizadas na prevenção de acidentes.
Já existem sensores, por exemplo, que podem medir o deslocamento linear do solo em nível micrométrico. Esse mapeamento, gerando dados de forma contínua e transmitidos em tempo real, pode alertar um sistema de controle para problemas estruturais em um talude. Sistemas de sensores podem atuar ainda na medição de umidade do solo, identificando possíveis aumentos de pressão na barragem. O acompanhamento de dados provenientes do processamento de imagens de zonas de risco também é uma oportunidade de precaução e pode fornecer valiosas informações sobre as condições das estruturas. E todo esse monitoramento pode ser feito 24 horas por dia, em tempo real e praticamente sem falhas.
Quando a prevenção já não é viável e o desastre está instalado, também é possível lançar mão de diversas tecnologias para minimizar os impactos negativos. Drones podem ser utilizados tanto para rastreamento por meio de imagens, fotos e vídeos, quanto para levar produtos às zonas de difícil acesso. Tecnologias de purificação garantem água potável em caso de emergência.
Existem muitas inovações disponíveis e várias delas dominadas por startups brasileiras. Temos no país empresas especializadas em gestão de riscos, inclusive. Mas o que ainda temos que aprender sobre inovação com os desastres? Que ela não é um fim em si mesma e tem que estar a serviço da sociedade e de seus desafios. Que seus impactos precisam ser considerados. Que, quando houver risco, o foco deve ser na prevenção. Porque, para algumas consequências, não há solução.