O presidente Jair Bolsonaro aproveitou a sua primeira participação em evento internacional depois de eleito para reafirmar a disposição de seu governo de abrir a economia brasileira. A intenção, afirmou, é fazer com que o país esteja entre os 50 melhores para se fazer negócio daqui a quatro anos. No rápido discurso, o presidente da República acertou ao se concentrar no essencial, limitando-se a transmitir as linhas gerais do que considera oportuno ao público do Fórum Econômico Mundial de Davos, composto por líderes das áreas empresarial e política.
O presidente se comprometeu em promover reformas estruturais, sem detalhar suas pretensões nas mudanças da Previdência, as mais aguardadas pelo mercado. Garantiu também a disposição de "diminuir a carga tributária, simplificando as normas, facilitando a vida de quem deseja produzir, empreender, investir e gerar empregos". A promessa de desoneração é um indicativo importante, ainda que, diante dos desequilíbrios do setor público, seja mais viável a perspectiva de racionalização. Independentemente de qual for a alternativa adotada, é importante que seja bem direcionada. Acima de tudo, precisa visar uma mudança na estrutura tributária, permitindo maior distribuição dos recursos, hoje excessivamente concentrados em Brasília, para contemplar mais os interesses de Estados e municípios.
É promissor também que, mesmo insistindo em alguns aspectos mais relacionados à campanha eleitoral, o presidente tenha suavizado na Suíça sua visão sobre questões relevantes para o mercado externo, como meio ambiente e direitos humanos. Providencialmente, deixou de lado também críticas diretas ao que chama de globalismo, num fórum cujo objetivo é debater os desafios da globalização.
Os brasileiros e líderes mundiais precisarão ficar atentos, daqui para a frente, à forma como serão levadas adiante questões de interesse global, delegadas pelo presidente a três dos ministros que o acompanham na missão externa. A primeira delas é o combate à corrupção e à lavagem de dinheiro, dois entraves aos negócios, sob o comando de Sergio Moro. Outra é a atuação externa do país, delegada ao chanceler Ernesto Araújo. A terceira questão é a retomada do crescimento, sob a responsabilidade de Paulo Guedes.
A intenção de integrar o Brasil ao mundo, por meio da incorporação das melhores práticas internacionais, destacada em Davos, precisa se transformar logo em realidade. É importante que essas pretensões sejam acompanhadas de perto. É mais do que hora de o país alcançar um novo patamar sob os pontos de vista ético, social e econômico.