Por Roberto Rachewsky, empresário, fundador e conselheiro do IEE
Júlio de Castilhos, líder positivista gaúcho, ao assumir o poder em 1891, inaugurou no Rio Grande do Sul uma ininterrupta dinastia de governantes coletivistas estatistas que perdura até hoje.
Júlio de Castilhos governou com mão de ferro, venceu a Revolução Federalista de 1893, avesso à alternância do poder e à voz das urnas, manteve-se no governo até 1906.
Seu sucessor, Borges de Medeiros, interveio na economia, encampou empresas estrangeiras. Em 1923, derrotou os revoltosos maragatos, em 1928, entregou a Getúlio Vargas, um governo em situação pré-falimentar.
Getúlio Vargas, que havia servido como ministro da Fazenda do governo federal, obteve um financiamento, pagou dívidas antigas e criou o Bergs, Banco do Estado do Rio Grande do Sul, que serviria como instrumento para drenar a poupança popular, corromper adversários, premiar aliados e intervir ainda mais na economia.
O Bergs deu sobrevida ao Leviatã unindo o poder das armas com o poder econômico obtido com o uso delas.
As empresas estatais, das quais o Banrisul é a joia da coroa, são feudos geridos por suseranos privilegiados, sustentados pelo trabalho dos vassalos que, obrigados por força de lei, têm como finalidade precípua servir ao Estado.
Há décadas, oligarquias e corporações mantêm seus privilégios, ganhos imerecidos e governos autoritários exaurindo o que a iniciativa privada produz.
A natureza coercitiva do governo tem como função a defesa do direito à vida, à liberdade, à propriedade e à busca da felicidade que os indivíduos possuem de forma inalienável.
Um governo que usa a coerção para nutrir-se com os frutos do esforço alheio, perverte a sua natureza e contradiz sua finalidade original.
O empréstimo tomado por Getúlio Vargas em 1928 era para ser pago em 40 anos. Passadas nove décadas, restou uma dívida ainda maior.
Como em 1928, o povo gaúcho não suporta mais o peso do governo que impede a sociedade de prosperar com sua burocracia asfixiante, tributação escorchante e endividamento insustentável.
Os gaúchos devem exigir a venda integral do Banrisul, e das demais empresas estatais, para devolver liquidez ao governo.
Precisamos entender que cabe aos indivíduos o protagonismo na geração de riqueza e na criação de oportunidades. Ao governo cabe apenas protege-nos de quem nada produz e usa de violência para obter o que necessita.
Devemos focar na construção dos quatro pilares que sustentam as nações prósperas: livre iniciativa, onde cada indivíduo age livremente para realizar seus propósitos de vida; propriedade privada, onde cada indivíduo dispõe do que é seu como bem entender, sem o que, realizar propósitos de vida fica impraticável; Estado de direito, onde leis objetivas, isonômicas, estabelecem regras estáveis de relacionamento social, permitindo a livre iniciativa, a propriedade privada e o governo coexistirem; livre mercado, processo onde os indivíduos cooperam e transacionam entre si para mútuo benefício.
A privatização do Banrisul ajudará na construção desses pilares.