Por Ricardo Felizzola, CEO do Grupo PARIT S/A
Yuval Harari, brilhante em Sapiens e Homo Deus, vem agora com as 21 Lições para o Século 21, descrevendo um futuro rico em ameaças para a nossa espécie em cinco partes do livro. Começa com o desafio tecnológico e seus efeitos no trabalho, na disponibilidade de informações e na utópica “igualdade” entre os cidadãos. O autor persegue o tema desmotivado com a tecnologia, esquecendo que é justamente ela que permite aos 7 bilhões de humanos de hoje viverem num planeta que não esperava esta infestação.
A evolução tecnológica é que vai aliviar o planeta da atual distorção, este é o desafio. Já o desafio político é a segunda parte e lições sobre a natureza humana, o processo civilizatório (o autor não ressalta a enorme importância do capitalismo para ele prevalecer), o nacionalismo (questionado com fundamentos pífios típicos do globalismo), a religião e o recente fenômeno da imigração. Os dois últimos pontos são longas e eternas lições de evolução filosófica e de fracassos culturais com consequências econômicas que geram em alguns povos a busca de uma vida melhor em outro lugar do mundo que não o país em que nasceram. A política tem de ser competente para mostrar o que funciona direcionando a população.
Um devaneio na terceira parte: desespero e esperança. O autor aborda o terrorismo (cada vez mais combatido com competência pela tecnologia), a guerra (quando tudo der errado nas negociações), o valor da humildade (um ponto positivo na obra), uma lição sobre o papel dificultado de Deus e o secularismo (o ver pra crer) como contraponto dos exageros religiosos enfraquecidos pela evolução científica. Ora, hoje há muito mais motivos para esperança do que para desespero.
Na quarta parte vem o tema da verdade e, aí, análises importantes. São lições sobre a ignorância (éter do coletivo humano a ser vencido pela educação), sobre a justiça (agarrada ainda a conceitos superados), sobre as fake news da era moderna e sobre ficção científica mostrando descrédito para previsões atuais. Vencendo a ignorância chega-se na verdade.
Por fim, a parte da resiliência invocando a educação, o sentido da vida e a meditação. Aí o aspecto individual de cada um em resistir, ser otimista e acreditar no futuro independente das dificuldades. Para quem vibrou com os dois primeiros livros, este último traz um pessimismo exagerado e não é por aí...