Por Domício Torres, Diretor do IRP - Instituto Reality de Pesquisas
Concluída a eleição, entre tantos componentes que a envolvem temos as pesquisas eleitorais. Sem as pesquisas, no meu ponto de vista, as eleições perderiam o fervor, o poder mobilizador. As campanhas seriam frias, distantes do eleitor, que estaria às cegas justamente no momento mais importante da escolha de seus mandatários. As pesquisas, aliás, são elementos da democracia moderna, inseridas legitimamente no contexto eleitoral, controladas e regradas pelo TSE.
O humorista francês Coluche disse uma frase séria, exemplificando o papel das pesquisas: "As pesquisas ajudam as pessoas a saber o que elas pensam". Participamos de uma eleição que levou o eleitorado a optar por seis candidatos que ocuparão cargos em duas esferas: nacional e estadual. As pesquisas mais uma vez foram testadas, desta feita em quatro eleições, em cada Estado onde elas estiveram presente: presidente, governador e dois senadores.
A instituição pesquisa sempre será a maior interessada em que os números prognosticados à véspera se aproximem o máximo possível dos resultados das urnas.
Para isso, se esmeram em todos os processos que compõem uma pesquisa, visando atingir esse resultado. A despeito de haver alguns resultados negativos surpreendentes, perfeitamente possível, surpreende muito mais o grande número de resultados positivos. Ao se estudar uma pequena parte do todo – a amostra –, chega-se a números quase mágicos, praticamente iguais aos das urnas.
Tenho notado que os resultados que mais destoam, em cada eleição e não apenas nesta, são os referentes ao cargo de senador. Minha tese leva em consideração alguns fatores:
Dos cargos eletivos, o que menos é compreendido pelo eleitor é o papel do senador.
Quando temos a vaga de dois candidatos ao senado, como foi o caso desta eleição, o nível de exigência ao eleitor aumenta significativamente.
As pesquisas de tendência eleitoral, realizadas durante a campanha, bem como o prognóstico, realizado às vésperas da eleição, utilizam os discos de papel com os nomes de todos os candidatos ao senado. Como é uma pergunta estimulada, o entrevistado escolhe o seu primeiro nome e em seguida o pesquisador pede que ele cite o segundo nome. Essas respostas inevitavelmente não possuem a mesma firmeza, com poucas exceções, dos candidatos a governador e presidente, cuja nominata é menor e o interesse é maior. O resultado disso é que o eleitor no dia da eleição, à última hora se não quiser votar em branco, vê-se na obrigação de definir os dois nomes para votar. E nessa hora não há o disco de papel para auxiliá-lo.