Por Paulo César Tinga, ex-jogador e cidadão
Muitas vezes eu joguei em posições que preferia não jogar, mas sabia que era importante para o time. Essa é uma das lições que o futebol pode ensinar para a política: deixar de fazer apenas o que gosta e trabalhar para o bem do todo.
Pelos lugares onde passei e exerci alguma espécie de liderança, ela foi conquistada e não imposta. Sempre acreditei que o resultado só vem assim. Quando alguém vira capitão de um time, passou antes por muita coisa, já provou que é capaz. O exemplo é mais forte do que as palavras bonitas.
Torcer para um candidato e para um time são coisas completamente diferentes, embora muita gente confunda. Eu torço para um time e se ele for mal, vou continuar torcendo. Mas se um candidato que apoiei não entregou o que prometeu, não voto mais nele. A torcida, na política, não pode ser incondicional, como é no futebol.
Sinto o clima pesado na campanha e penso que, se os candidatos brigassem pelas pessoas tanto quanto as pessoas brigam por eles, nós seríamos o melhor país do mundo. Infelizmente, já vi muitas brigas de torcida pelo país. A política está parecida. Muita gente falando mal um do outro, em vez de dizer o que vai fazer. Quando eu falo mal do outro, estou é revelando algo sobre mim.
Votar é parecido com bater um pênalti em uma partida decisiva. O erro custa caro. A próxima chance é só daqui a quatro anos. Não é à toa que o batedor de pênaltis de um time estuda, treina, pensa antes no que vai fazer. Para o voto, deveria valer o mesmo.
O eleitor é uma espécie de treinador. É ele quem escala. O bom treinador não escala um jogador só porque é amigo ou mais simpático. Escala quem está preparado. Na gestão pública ou privada, o que faz a diferença é a coerência, quando a gente ouve alguém falar e sabe quem é ele, o que fez e no que acredita.
Hoje, plataformas e ferramentas de gestão se encontram em todos os cantos. A diferença são as pessoas que têm valores e princípios. Quando o time ganha, todos ganham. Quando perde, todos perdem. Domingo tem final. Você vai bater o pênalti decisivo. Já treinou?