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A campanha eleitoral, que se aproxima do fim em sua primeira etapa como uma das mais importantes e mais decisivas para o país, têm desafiado as instituições no limite. Os impasses constantes e questões suscitadas na maioria das vezes por partidos políticos sobrecarregam não apenas a Justiça Eleitoral, mas particularmente o Supremo Tribunal Federal (STF), ao qual cabe a palavra final sobre aspectos de natureza constitucional. A particularidade de esta eleição estar sendo marcada também pelo uso massificado de notícias falsas impõe um elemento recente no cenário brasileiro, não apenas para os organismos de fiscalização e sistemas de segurança pública, mas também para a imprensa, que foi levada a reforçar seu papel perante a sociedade.
Nunca o eleitor precisou ficar tão atento à confiabilidade das informações que consome e compartilha em suas redes. Qualquer descuido pode levá-lo ao risco de disseminar conteúdo falso, distorcendo uma disputa que deve se dar com base na transparência e em dados verídicos. Entidades da sociedade civil estão hoje mais preparadas para alertar sobre as consequências desse tipo de atitude. O país, porém, ainda carece de mecanismos mais efetivos para ajudar na prevenção e na punição de crimes baseados em mentiras camufladas de verdade que circulam na maior parte dos casos por meio de redes sociais e aplicativos de troca de mensagens instantâneas.
Em meio a esse cenário, que reproduz situações já registradas durante campanhas eleitorais em países como Estados Unidos e os da União Europeia, os veículos de mídia acabaram se fortalecendo ainda mais como referência. Entre outras providências, redobraram os cuidados com a procedência e veracidade dos conteúdos que veiculam. Estruturaram-se também para checar declarações de candidatos e informações duvidosas que costumam viralizar por meios online. Em consequência, se reafirmaram como referência de informação confiável.
Quando pelo menos dois dos candidatos melhor situados nas pesquisas de opinião pública para a presidência da República, com diferentes argumentos, colocam em xeque até mesmo as próprias instituições, a questão deve preocupar ainda mais os eleitores. É em momentos decisivos como o atual que os guardiões da Constituição e do Estado democrático de direito precisam ter o seu papel reconhecido e valorizado pela sociedade. São esses mecanismos que conferem estabilidade jurídica ao país, assegurando aos brasileiros tanto a lisura da campanha quanto o respeito ao resultado das urnas, independentemente de quem seja o vitorioso.