Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU reúne 195 países e tem o encargo de fornecer avaliações científicas regulares sobre as mudanças climáticas e suas implicações, propondo estratégias de mitigação baseadas no conhecimento produzido pelos mais reputados cientistas da atualidade. A recente versão do relatório reforça que limitar o aquecimento global a 1,5°C é urgentíssimo, uma vez que o aumento da temperatura global em 1°C já evidenciou consequências como eventos climáticos extremos, elevação do nível dos oceanos e degelo do Ártico. São imperiosas, portanto, ações ampliadas além das que estão em curso.
A impactante constatação social mundial de que a biosfera tem limites compromete a sobrevivência das futuras gerações. A gravidade da situação obriga uma governança mundial, com compromissos transnacionais assumidos por 195 nações (Acordo de Paris, 2015) para responder à ameaça global da mudança climática, dentre os quais, a imposição de limites ao aumento da temperatura média global. Isso exigirá uma ação climática coletiva imediata sem precedentes em todas as áreas, devido aos efeitos devastadores e acelerados.
Acarretará profundas mudanças nos padrões de consumo da sociedade, com a conjugação da busca da sustentabilidade e o impacto das tecnologias disruptivas, caso contrário, está claro que não teremos planeta para resolver as desigualdades sociais. Megatendências mundiais deverão ser desenvolvidas com visão holística na busca de soluções políticas, visando ao equilíbrio dinâmico dos aspectos sociais, econômicos e ambientais.
Uma nova cidadania será necessária, na qual a educação terá papel fundamental para a conquista da sustentabilidade integral. O novo cidadão deverá gerenciar seus impactos através de padrões de consumo e ações sustentáveis no seu dia a dia. No Brasil, estamos focados na crise que vivemos, e a sustentabilidade não está sendo prioridade social. Falta-nos uma cidadania efetiva neste tema. Também não temos políticas para explorar as oportunidades econômicas geradas pela bioeconomia ou pelo mercado de carbono – ressalte-se que 40 regiões no mundo já precificaram o carbono e têm um mercado operante. Muitas nações, para atender ao Acordo de Paris, terão que comprar sequestro de carbono que um país continental como o nosso pode oferecer, caso tenha um balanço positivo. Para usufruir deste cenário, teremos que controlar o desmatamento da Amazônia e das demais florestas brasileiras, inibir as queimadas, entre outros. Esse é o desafio, a oportunidade e a grande tarefa a ser cumprida até 2020. Se soubermos usar nossas potencialidades, além de darmos a nossa contribuição para a sustentabilidade planetária, poderemos ganhar centenas de bilhões de dólares.