Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
O desenvolvimento de um país depende da qualidade do processo educacional integrado lar-escola em que se constrói o conhecimento e a socialização para a utopia social desejada. O eixo do conhecimento qualifica competências para o crescimento profissional na economia da informação e do saber, que suplanta, cada vez mais, a da mão de obra. Já o eixo da socialização visa à formação da cidadania com a consciência de valores morais, direitos e correspondentes deveres que pautam o equilíbrio de uma postura cidadã empreendedora.
Assim, educar sobre o papel das entidades públicas e privadas nas suas diversas relações sociais e políticas resulta num estado indutor do bem social subordinado aos interesses e ao controle da sociedade por meio da cidadania política. Na sua falta, o Estado tende a ficar maior do que a sociedade e subordinado aos interesses patrimonialistas de políticos corporativos, clientelistas, populistas e corruptos, que fazem com que os interesses do cidadão fiquem sub-representados. Tal situação prejudica a ambiência empreendedora sustentável (que equilibra de forma dinâmica os fatores econômicos, sociais e ambientais) necessária ao crescimento.
Recentes avaliações do desempenho de alunos na língua portuguesa e na matemática comprovam a desqualificação do eixo de formação do conhecimento. Nas escolas, não existe a construção estruturada dos conceitos básicos de cidadania política para atender às demandas de uma sociedade moderna. Não há a consciência social da sua necessidade como um fator decisivo para melhorar o Brasil e não se correlaciona a sua inexistência à causa raiz da crise atual. A falta da educação de cidadania política permite um sistema político viciado no capitalismo de compadrio e corrupto, no qual a sociedade não tem representação efetiva e é comandada pelos interesses das corporações.
A sociedade, por omissão, permitiu que grupos mobilizados impusessem visões ideológicas desqualificadas sobre a utopia social de uma ambiência empreendedora. O modelo educacional precisa ser construído com o envolvimento efetivo da sociedade para sobrepor-se às corporações e aos políticos tradicionais. Um país desenvolvido é aquele que tem processos educativos focados no empreendedorismo sustentável, provedor de conhecimento e de educação de uma cidadania holística. Este é o caminho para o Brasil tornar-se competitivo e para inserir-se na economia globalizada com taxas de crescimento compatíveis com seu potencial de um país continental.