Divulgados nesta segunda-feira (3), os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) em 2017 revelam a extensão da tragédia brasileira em matéria de aprendizagem. O mínimo que os candidatos e seus gurus deveriam fazer é se debruçar sobre esses números e apresentar uma proposta consistente para mudar o quadro, mas a maioria prefere falar de educação de forma genérica, com propostas que vão da inconsistência à bizarrice.
Os dados mais alarmantes são os que se referem ao Ensino Médio. Sete de cada 10 alunos têm nível insuficiente em português e matemática. Que chance tem no mercado de trabalho um jovem que pode ser enquadrado na categoria “analfabeto funcional”?
De zero a 10, a média brasileira no Ensino Médio é 3,8. Nas séries finais do Ensino Fundamental, 4,7, o que equivale a dizer que os adolescentes chegam ao Ensino Médio sem saber nem metade do que deveriam. O único dado minimamente aceitável é o das séries iniciais, de 5,8, ainda assim bem abaixo dos padrões internacionais.
O Rio Grande do Sul, que tanto se orgulha de suas façanhas, precisa parar tudo e olhar os números com humildade. Estamos ficando para trás: 15ª posição entre as 27 unidades da federação, com 3,7 no Ensino Médio, abaixo da vergonhosa média nacional. Na rede estadual, o número é ainda pior: 3,4. À frente do RS estão, pela ordem: Espírito Santo, Goiás, São Paulo, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco, Santa Catarina, Paraná, Rondônia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Acre, Mato Grosso do Sul e Tocantins.
Nem as escolas privadas escapam, apesar das mensalidades elevadas que cobram de quem procura ensino de melhor qualidade: 5,9 foi a nota em 2017. Essa pontuação é a mesma de 2011 (havia caído para 5,7 nas avaliações de 2013 e 2015). Os números explicam em boa parte a dificuldade dos estudantes gaúchos na competição com alunos de outros Estados pelas vagas nos cursos mais disputados (Medicina, por exemplo) das universidades que usam o Enem como critério de seleção.