Correção: a rede estadual do Rio Grande do Sul manteve a 15ª posição no ranking do Ideb em comparação com os demais Estados em 2017 em relação a 2015, e não caiu da 14ª posição para a 15ª, como informado das 19h15min às 20h10min. O título e o texto foram corrigidos.
A rede estadual do Rio Grande do Sul melhorou seu desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) em 2017 em relação com a edição anterior, de 2015, em todas as etapas da Educação Básica. Os dados divulgados nesta segunda-feira (3) pelo Ministério da Educação apontam, no entanto, que nem no Ensino Fundamental, nem no Ensino Médio, as escolas estaduais conseguiram atingir a meta definida para a rede.
A situação mais preocupante é no Ensino Médio, etapa em que as escolas estaduais gaúchas atingiram um desempenho de 3,4, em uma escala de zero a 10. O resultado foi melhor do que o verificado em 2015 (3,3), mas está abaixo da média do país, que foi de 3,5. Também é bem inferior à meta estipulada para a rede, de 4,8. Em comparação com os demais Estados, manteve a 15ª.
Nas séries iniciais do Ensino Fundamental, a rede estadual gaúcha avançou nos últimos anos, passou de 5,5 para 5,7, mas a meta era de 5,8. No documento de apresentação dos resultados, o Ministério da Educação destacou que, apesar de apresentarem evolução no Ideb, três Estados não conseguiram atingir a meta proposta para 2017: Rio Grande do Sul, Amapá e Paraná.
O mesmo ocorre nos anos finais do Ensino Fundamental, que passou de 4 para 4,3, mesmo assim abaixo da meta estipulada, de 5. De novo, o Estado aparece como exemplo de pouca evolução no Ideb, junto com Amapá e Roraima.
Apesar de destacar os avanços conquistados pelo Estado em relação a 2015, o secretário estadual da Educação, Ronald Krummenauer, reconhece que a situação é crítica. Para ele, o Rio Grande do Sul só conseguirá avançar quando houver uma discussão estrutural sobre a organização a educação, somada à reestruturação curricular por meio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a uma maior articulação com as redes municipais, como ocorre em Estados que conseguiram desempenho melhor, a exemplo do Ceará.
— Depois da eleição vamos propor uma discussão sobre o sistema estadual de ensino, temos uma lei de 1969, está fazendo 50 anos, precisamos mudar — disse, sem afirmar em quais pontos pretende propor mudanças.
Rede privada
Embora melhores, os resultados também não são animadores para a rede privada. A única etapa em que as escolas atingiram a meta no Rio Grande do Sul foi nas séries iniciais do Ensino Fundamental, que ficou com 7,4, para uma meta de 7,1. Nos anos finais, o Ideb da rede ficou em 6,7, para uma meta de 7,2. Já no Ensino Médio, o índice alcançado pelas escolas privadas foi de 5,9, mas a meta era de 6,8.
Ministro defende mudanças no Ensino Médio
Em entrevista coletiva, o ministro da Educação Rossieli Soares da Silva reforçou o cenário de "fundo do poço" destacado na semana passada, quando anunciou o desempenho dos estudantes em provas de português e matemática. Ao destacar que nenhum Estado conseguiu cumprir a meta de qualidade definida para 2017, o ministro afirmou que o país precisa avançar na implementação de um novo modelo para o Ensino Médio:
— Neste formato, neste ritmo, não cumpriremos as metas. Atrevo-me a dizer que não cumpriremos em décadas. Essa discussão de um novo modelo, com a reforma (do Ensino Médio), tem a ver com isso.
A reforma do Ensino Médio foi aprovada no Congresso Nacional começo do ano passado, mas a sua implementação depende da BNCC, que segue em discussão no Conselho Nacional de Educação. Com a reforma, 60% do currículo das escolas será composto de conteúdos comuns, alinhados a base nacional, e o restante será flexível. Educadores têm criticado a proposta, pelas dificuldades de as redes de ensino – em sua maioria as estaduais – conseguirem implementar esse modelo flexível. No Rio Grande do Sul, 85% das matrículas na etapa estão nas escolas estaduais.
Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Passo Fundo (UPF), Rosimar Siqueira Esquinsani afirma que é preciso repensar o modelo do Ensino Médio para se conseguir avançar nos indicadores de qualidade. Ela considera a BNCC pode ajudar a reduzir as desigualdades educacionais se for bem conduzida pelos Estados, mas é contrária a proposta de reforma do Ensino Médio por conta das dificuldades das redes de ensino, em sua maioria estaduais, garantirem uma diversidade de opções aos estudantes.
_ Do jeito que está posta, vai reforçar as diferença entre a escola pública e a escola privada. Não vejo uma saída a curto prazo, é preciso focar em dois pilares: valorização dos professores, com condições adequadas de trabalho e melhoria na formação desses educadores, com apoio e trocas de experiência.