O Instituto de Pesquisa de Opinião (IPO) há mais de 20 anos faz pesquisas e análises da sociedade. Neste momento de crise, busca entender a realidade que hoje vivemos e o futuro que queremos. As análises mostram que, hoje, estamos conectados virtualmente, mas vivemos a individualização, num cenário caracterizado pelo egoísmo, pela crise, pela solidão e pelo desagrupamento da família. O individualismo acentua o imediatismo, a banalização, a impaciência e insere novas doenças sociais, como a distração digital e a nomofobia.
Neste contexto, temos um eleitor descrente e preocupado, impactado pela revolução digital. Um eleitor sem expectativas ante a eleição e ante uma economia que traz dificuldades para pagar as suas contas. Não percebe o crescimento do tamanho do Estado e é contra a privatização de estatais que dão prejuízo. É contra a reforma da Previdência e o aborto, mas a favor da redução da maioridade penal e da pena de morte. Valoriza a democracia, mas não acredita no presidente e no Congresso. Aponta como prioridade aos novos governos saúde, segurança, educação e desenvolvimento econômico. É antissistema e desconhece o papel das funções políticas, desejando menos política e mais empatia. Um eleitor que não valoriza o voluntariado e a participação em entidades para melhorar a qualificação da cidadania política numa democracia representativa participativa. Fica dividido pela dicotomia entre a esperança de melhoras e o descrédito. Aspira a uma nova forma de administrar, com gestores com coragem, atitude, ficha limpa e que possam liderar uma ruptura ao status quo, com uma nova política que seja empática e expresse a verdade valorizando a simplicidade.
Contudo, para tanto, é preciso fortalecer o município como base de sustentação para reconstrução da cultura política brasileira e resgatar a confiança nas instituições e a crença na política. Os líderes locais precisam ampliar o capital social da população de sua cidade, criando a consciência de que cada um tem um papel neste processo ao debater e refletir sobre a realidade que queremos ter, ao pensar na educação que valorize a prática social de participar e de trabalhar em prol do bem comum.
Para que a eleição renove o cenário, é preciso vencer a descrença, valorizar a participação no pleito e estreitar os laços de representação, mostrando que o cidadão ativo tem vez e voz.